Setecidades Titulo Crítica
Psicoterapeuta critica falta de combate ao alcoolismo
Victor Hugo Storti
Especial para o Diário
06/12/2016 | 07:00
Compartilhar notícia


O álcool, droga lícita e aceita socialmente, é a maior causa da morte de jovens de 15 a 20 anos e mata, por ano, cerca de 3 milhões de pessoas no mundo. Além disso, a substância está inserida em diversos problemas sociais, como a violência sexual e a depressão. A informação é do psicólogo e psicoterapeuta Claudio Amâncio, que proferiu a palestra de abertura da 32ª Sipat (Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho) para funcionários do Diário, na tarde de ontem.

O especialista é fundador da ICA (Instituto Claudio Amâncio), entidade sem fins lucrativos de São Caetano que trabalha na prevenção e recuperação de dependentes químicos. Para Amâncio, o governo é omisso em relação ao tratamento e combate ao alcoolismo. Ele afirma que não há interesse em repetir a estratégia de propaganda massiva usada para o combate ao cigarro no caso do álcool. “O que ainda manda é o dinheiro. Na sociedade de consumo, o ser humano não tem todo esse valor. Com o álcool, apesar da criminalidade, violência doméstica, acidentes automobilísticos e a morte de jovens, há um descaso e promoção do governo, porque não existe controle mais rígido.”

Amâncio acredita que a discussão sobre o tema das drogas deve ser encarada como política pública na área da Saúde e não de polícia, como a questão é muitas vezes tratada no Brasil. “A dependência química é uma doença. Existem, por exemplo, as cracolândias. É possível retirar aquele povo dali e entregar a pessoas gabaritadas, oferecer a medicação para desintoxicação e tratar, mas não há interesse. É mais fácil fazer propaganda em cima dos jovens que utilizam. As políticas públicas são precárias e há desinteresse com o próximo”, disse.

O psicoterapeuta afirmou que é contra a descriminalização das drogas e deu o exemplo holandês que, de acordo com o especialista, não teve sucesso. “Hoje já temos problema com o cigarro e com o álcool. Propagandas milionárias para combater. Por que vamos incentivar outra? Se depois vamos ter que correr atrás para as pessoas não usarem?”, questiona.

Segundo Amâncio, o País ainda caminha em passos lentos na questão do combate às drogas e no tratamento de dependentes químicos. “O Brasil é o maior consumista de crack no mundo e o segundo em cocaína. O combate é precário e não há interesse. Nem mesmo os Caps (Centros de Assistência Psicossocial), já que são poucos os que possuem internação, e o usuário de crack precisa ser internado, não tem outro jeito”, concluiu.

O ICA oferece grupo de apoio para dependentes químicos e seus familiares, com o objetivo de acolher e tentar reinserir esses indivíduos na sociedade. Em média, 150 pessoas são atendidas nessas reuniões diariamente. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;