Economia Titulo Pesquisa
Produtos com IPI reduzido
impactam a inadimplência

'Consumidor é levado a comprar bens para aproveitar
benefícios fiscais que são temporários', explica diretor

Por Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
20/11/2012 | 07:00
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A compra de móveis e eletrodomésticos está impactando diretamente a inadimplência dos consumidores brasileiros. Pesquisa trimestral divulgada ontem pela Boa Vista Serviços, administradora do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), mostra que a 21% dos entrevistados relacionaram a aquisição desses produtos, que estão mais baratos porque o governo reduziu a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), às dívidas não pagas. Em junho, a mesma pesquisa apontava os produtos e serviços alimentícios como os principais causadores dos calotes - seguidos por calçados e vestuário.

"O consumidor é levado a comprar esses bens para aproveitar os benefícios fiscais que são sempre ofertados como temporários. Eles acabam, portanto, antecipando a compra que não estava prevista no orçamento, o que causa o endividamento", explica o diretor de inovação e sustentabilidade da Boa Vista Serviços, Fernando Cosenza.

Os dados da pesquisa, elaborada em setembro, podem ser reflexo das compras feitas em agosto, quando teoricamente seria o prazo final para o consumidor aproveitar o IPI reduzido. Mas no fim daquele mês, o Ministério da Fazenda prorrogou a diminuição dos tributos para linha branca e móveis, que agora seguirá até 31 de dezembro. O imposto para quem vai comprar fogão e tanquinho, por exemplo, foi reduzido de 4% e 10%, respectivamente, para zero. Os móveis, painéis e luminárias, todos com IPI de 5%, também tiveram o imposto zerado. Para elaboração do levantamento foram ouvidos 1.110 consumidores que têm alguma dívida atrasada, independentemente da quantidade de dias em aberto.

MOTIVO - No levantamento, 33% das pessoas entrevistadas afirmam que o desemprego é a maior causa da inadimplência para as famílias que ganham até 10 salários-mínimos (R$ 6.220), seguido pelo descontrole financeiro, citado por 23% dos participantes da pesquisa. De acordo com Cosenza, a troca de trabalho é o que mais pesa. "Não é tanto o desemprego, mas a rotatividade geralmente mais elevada entre as famílias de baixa renda, que têm salário menor e orçamento apertado, o que dificulta arcar com os débitos", explica o especialista.

O professor de Economia Samy Dana, da FGV (Fundação Getulio Vargas) discorda que a taxa de desocupação, que apareceu em primeiro lugar, seja o principal fator de preocupação hoje - até porque a taxa de desemprego atingiu patamar de 5,4% em setembro - o menor nível desde 2002, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). "O que preocupa é o consumidor continuar adquirindo dívidas sem ter uma visão esclarecida das finanças pessoais."




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