Explica-se: a loura é uma estrela e, como tal, sua contratação deve ser justificada pela presença maciça na tela, o que dificulta a pretensão de Ellis em fazer um thriller motivado por intenso suspense, um clima construído a partir da dúvida, uma tensão baseada na incerteza.
Desse mal Ryan (Chris Evans) não morre. Em guerra com a namorada e bon vivant, o personagem atende o celular inadvertidamente. Do outro lado da linha, uma dona de casa que diz ter sido seqüestrada. Do cativeiro, pede para que Ryan a ajude, chame a polícia e tente proteger seu filho, outro alvo dos bandidos.
A tal mulher é Jessica (Kim) e o espectador, ante a estrepada confecção de climas pelo diretor, sabe de antemão que tudo o que diz é a mais pura verdade. Configura-se aí o primeiro e mais perigoso atentado narrativo para Celular, cuja estrutura depende das incertezas que o momento inicial já desfaz. Ellis é como o pastor de ovelhas da fábula, aquele em que ninguém mais confia depois de ter fingido duas ou três visitas do lobo ao seu rebanho.
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