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Liquidação, últimos dias

Palocci já era: dias mais, dias menos, dependendo do tempo de férias, estará de volta à Projeto, a lucrativa

Carlos Brickmann
08/06/2011 | 00:00
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Palocci já era: dias mais, dias menos, dependendo do tempo de férias, estará de volta à Projeto, a lucrativa consultoria que ele teve o patriotismo de abandonar para ganhar um salário de ministro que não paga nem aluguel e impostos do apartamento onde mora. A informação correu muito antes da queda: quando Paulinho da Força abandona um aliado, é porque a bananeira já deu cacho, o limão foi todinho espremido, o pobre coitado - epa, pobre não! - já está ouvindo o apito final.

Fim da crise? Não, é agora que a crise vai começar. Do jeito que o Governo foi montado, Palocci era efetivamente o melhor ocupante possível da Casa Civil (o outro seria José Dirceu, mas a época é ruim: daqui a pouco se julga o Mensalão). Quem mais tem capacidade para coordenar a faminta base aliada, filtrar o acesso à sempre irritada presidente Dilma, mediar as disputas entre ministros? Renan Calheiros ou Jader Barbalho, talvez; mas enfrentam uma gravíssima restrição, que não é a que os maldosos pensam. É que são ambos do PMDB, não do PT.

Talvez a fórmula seja outra: um coordenador administrativo na Casa Civil, como Dilma foi no Governo Lula, e a divisão da articulação entre vários ministros de boa conversa, como Paulo Bernardo e Alexandre Padilha. O ministro da Articulação, Luiz Sérgio, esse não pode: ninguém nem lembra dele. E quem faria a coordenação administrativa? A ministra Miriam Belchior é um nome, mas poderia reacender o caso Celso Daniel, com quem foi casada; Graça Foster sabe das coisas, é amiga de Dilma, mas seu marido é fornecedor do Governo. Sobrou para a senadora paranaense Gleisi Hoffman, esposa do ministro Paulo Bernardo. Família que fica no poder unida permanece unida.

Opinião

Um assíduo leitor desta coluna, economista (aposentado) e escritor (em atividade), não-petista de carteirinha, diz que as coisas depois de Palocci parecem infinitamente mais apavorantes do que segurar um ministro debaixo de fogo.

Falar e fazer

O ex-presidente Lula cansou de dizer que não se deve abandonar um companheiro em dificuldades (e que caiu assim mesmo). Quando estava no Governo, transformou José Dirceu de ministro em ex-ministro. E não se moveu para salvar Delúbio Soares.

Cipó de aroeira

Esta nota publicada em http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/ por Lauro Jardim explica muita coisa: "Tempos atrás, um ministro do Supremo tentou agendar por várias vezes por telefone um encontro com Antonio Palocci para conversar. Em três ocasiões, Palocci agendou o encontro entre os dois, mas os desmarcou em cima da hora. Logo em seguida, Palocci designou Beto Vasconcelos, seu substituto imediato na Casa Civil, para falar com o magistrado - que se recusou a ir. Desde que eclodiu a crise envolvendo seu patrimônio, Palocci tem telefonado sucessivas vezes para esse ministro (imagine-se que em busca de apoio). O ministro não retornou às ligações."

No bolso de sempre

A Receita Federal suspendeu esta semana a emissão do cartão de plástico do CPF. Os CPFs existentes continuam em vigor; a nova fórmula é apenas para novos documentos. O objetivo, como de hábito, é complicar a vida do cidadão e ampliar seus gastos. Funciona assim: o interessado vai a uma agência do Banco do Brasil, da Caixa ou dos Correios, com um documento oficial de identidade, e recebe um número impresso. Aí entra no portal da Receita na Internet (quem não tiver computador pode pagar uma lan-house; quem não souber utilizá-lo pode pagar alguém que saiba) e imprimir o comprovante que atesta a autenticidade do número. O BB, a Caixa e os Correios estão autorizados a cobrar R$ 5,70 para fornecer o número impresso. E então, nossa desburocratização não é ótima?

Voa, dinheiro

Um funcionário, depois de 35 anos de trabalho no mesmo grupo, abriu processo trabalhista, reivindicando, entre outras coisas, o relógio de ouro que a empresa costumava oferecer a que tivesse seu tempo de serviço. Todas as questões, menos uma, foram resolvidas em primeira instância. Mas houve divergência no caso do relógio: segundo o funcionário, era de ouro; segundo a empresa, folheado a ouro. Em segunda instância, o TRT decidiu que o relógio era folheado, com o valor de R$ 1.000,00 (a empresa alegava que o custo era de R$ 421,00). A empresa recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, e perdeu. Agora, a pergunta: se uma questão que diz respeito ao valor de um presente, sendo a divergência de menos de R$ 600,00, chega aos tribunais superiores, como é que se pretende desafogar a Justiça? Levar o caso a Brasília não é um exagero?

Menos gente pendurada

Está correndo na Internet um abaixo-assinado pela redução do número de Ministérios (são 40, se este colunista ainda não perdeu a conta) e de cargos. Endereço para ler e votar: http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N10806

Só como lembrete: cada senador a menos significa reduzir 81 cargos no Senado, fora carro, escritório em São Paulo e Brasília, passagens, etc. Cada Ministério a menos (e os há em abundância) economiza um aluguel de prédio, várias empresas terceirizadas, o ministro, assessores, mordomias. Que tal?

Palocci já era: dias mais, dias menos, dependendo do tempo de férias, estará de volta à Projeto, a lucrativa consultoria que ele teve o patriotismo de abandonar para ganhar um salário de ministro que não paga nem aluguel e impostos do apartamento onde mora. A informação é precisa: quando Paulinho da Força abandona um aliado, é porque a bananeira já deu cacho, o limão foi todinho espremido, o pobre coitado - epa, pobre não! - já está no fim do tempo regulamentar.

Fim da crise? Não, é aí que a crise vai começar. Do jeito que o Governo foi montado, Palocci era efetivamente o melhor ocupante possível da Casa Civil (o outro seria José Dirceu, mas a época é ruim: daqui a pouco se julga o Mensalão). Quem mais tem capacidade para coordenar a faminta base aliada, filtrar o acesso à sempre irritada presidente Dilma, mediar as disputas entre ministros? Renan Calheiros ou Jader Barbalho, talvez; mas enfrentam uma gravíssima restrição, que não é a que os maldosos pensam. É que são ambos do PMDB, não do PT.

Talvez a fórmula seja outra: um coordenador administrativo na Casa Civil, como Dilma foi no Governo Lula, e a divisão da articulação entre vários ministros de boa conversa, como Paulo Bernardo e Alexandre Padilha. O ministro da Articulação, Luiz Sérgio, esse não pode: ninguém nem lembra dele. E quem faria a coordenação administrativa? A ministra Miriam Belchior é um nome, mas poderia reacender o caso Celso Daniel, com quem foi casada; Graça Foster sabe das coisas, é amiga de Dilma, mas seu marido é fornecedor do Governo. Para que afastar um ministro que não tem mais poder e
substituí-lo por outro ninguém?

Opinião

Um assíduo leitor desta coluna, economista (aposentado) e escritor (em atividade), não-petista de carteirinha, diz que as coisas depois de Palocci parecem infinitamente mais apavorantes do que segurar um ministro debaixo de fogo.

Falar e fazer

O ex-presidente Lula cansou de dizer que não se deve abandonar um companheiro em dificuldades. Quando estava no Governo, transformou José Dirceu de ministro em ex-ministro. E não se moveu para salvar Delúbio Soares.

Cipó de aroeira

Esta nota publicada em http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/ por Lauro Jardim explica muita coisa: "Tempos atrás, um ministro do Supremo tentou agendar por várias vezes por telefone um encontro com Antonio Palocci para conversar. Em três ocasiões, Palocci agendou o encontro entre os dois, mas os desmarcou em cima da hora. Logo em seguida, Palocci designou Beto Vasconcelos, seu substituto imediato na Casa Civil, para falar com o magistrado - que se recusou a ir. Desde que eclodiu a crise envolvendo seu patrimônio, Palocci tem telefonado sucessivas vezes para esse ministro (imagine-se que em busca de apoio). O ministro não retornou às ligações."

No bolso de sempre

A Receita Federal suspendeu esta semana a emissão do cartão de plástico do CPF. Os CPFs existentes continuam em vigor; a nova fórmula é apenas para novos documentos. O objetivo, como de hábito, é complicar a vida do cidadão e ampliar seus gastos. Funciona assim: o interessado vai a uma agência do Banco do Brasil, da Caixa ou dos Correios, com um documento oficial de identidade, e recebe um número impresso. Aí entra no portal da Receita na Internet (quem não tiver computador pode pagar uma lan-house; quem não souber utilizá-lo pode pagar alguém que saiba) e imprimir o comprovante que atesta a autenticidade do número.

O BB, a Caixa e os Correios estão autorizados a cobrar R$ 5,70 para fornecer o número impresso. E então, nossa desburocratização não é ótima?

Voa, dinheiro

Um funcionário, depois de 35 anos de trabalho no mesmo grupo, abriu processo trabalhista, reivindicando, entre outras coisas, o relógio de ouro que a empresa costumava oferecer a que tivesse seu tempo de serviço. Todas as questões, menos uma, foram resolvidas em primeira instância. Mas houve divergência no caso do relógio: segundo o funcionário, era de ouro; segundo a empresa, folheado a ouro.

Em segunda instância, o TRT decidiu que o relógio era folheado, com o valor de R$ 1.000,00 (a empresa alegava que o custo era de R$ 421,00). A empresa recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, e perdeu. Agora, a pergunta: se uma questão que diz respeito ao valor de um presente, sendo a divergência de menos de R$ 600,00, chega aos tribunais superiores, como é que se pretende desafogar a Justiça? Levar o caso a Brasília não é um exagero?

Menos gente pendurada

Está correndo na Internet um abaixo-assinado pela redução do número de Ministérios (são 40, se este colunista ainda não perdeu a conta) e de cargos. Endereço para ler e votar: http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N10806

Só como lembrete: cada senador a menos significa reduzir 81 cargos no Senado, fora carro, escritório em São Paulo e Brasília, passagens, etc. Cada Ministério a menos (e os há em abundância) economiza um aluguel de prédio, várias empresas terceirizadas, o ministro, assessores, mordomias. Que tal?




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