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Mais um é detido por morte de casal

Terceiro envolvido em assassinato de babá e pedreiro de Diadema é capturado na Capital

Por Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
12/06/2012 | 07:00
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A Polícia Civil prendeu ontem, na Zona Sul da Capital, Raílson Silva do Nascimento, 27 anos. Ele é apontado como o terceiro participante na morte do casal Adenísio Alves, 57, e Leila Oliveira Alves, 41, moradores do Jardim Inamar, em Diadema. Os dois foram vítimas de golpe ao comprar terreno no bairro Parelheiros, também em São Paulo, mesmo local onde foram encontrados os corpos. O casal foi enterrado ontem, em Diadema.

Durante a autuação, efetuada no 4º DP (Eldorado) de Diadema, Nascimento alegou que apenas ajudou a vigiar os reféns, enquanto o restante da quadrilha rodou bancos nas proximidades com os cartões do casal. Ele diz ter ajudado os demais suspeitos a jogar as vítimas em um poço. Os dois morreram por asfixia no dia 29. Nascimento responderá por latrocínio, com o agravante de cárcere privado, ocultação de cadáver e crime com requinte de crueldade.

Apenas um suspeito ainda está foragido, Danilo Lima de Albuquerque. Ele, que prometeu se entregar à polícia nesta semana, é irmão de Gabriel Lima de Albuquerque, 27, primeiro do bando a se entregar, na sexta-feira, que revelou a localização do sítio e forneceu detalhes do crime. Lá, foi detido o caseiro Fábio José da Silva, 38, que também é suspeito de ter participação nos crimes. A prisão foi feita no sábado.

Gabriel, que era procurado da Justiça desde 2007, arquitetou todo o plano da falsa venda do terreno pela internet. O preço seria de R$ 15 mil, mas o grupo aceitaria receber R$ 12 mil se o pagamento fosse à vista, em dinheiro. Um dia antes do crime, Alves foi com um cunhado sacar R$ 6.000. Disse que era para pagar uma dívida. O sonho da casa própria realizado era uma surpresa que pretendia fazer aos familiares. Tanto que só falou sobre o assunto em dois bilhetes deixados em casa. Os recados foram lidos somente após a patroa de Leila contar que ela havia comentado sobre o negócio e, após dois dias, não apareceu para trabalhar.

Ao todo, os bandidos realizaram três saques de R$ 2.000. À polícia, confessaram que mataram o casal logo no primeiro dia, após retirarem o dinheiro. "Eles decidiram na frente deles que iriam matá-los, sem pudor", disse o delegado Miguel Ferreira.

Casa própria era o sonho maior

Cerca de 500 pessoas, a maioria moradores do Jardim Inamar, acompanharam ontem à tarde o enterro do casal, no Cemitério Municipal de Diadema. Em estado de choque, a mãe de Leila não compareceu. "Ela quer manter a imagem dela viva", disse o irmão, o porteiro José Geraldo de Oliveira, 46 anos.

Como o restante da família, ele foi pego de surpresa com a notícia. Sabia que o cunhado planejava realizar o sonho da casa própria. "Se soubesse que eles iam sozinhos, não deixaria. Não tem como andar por aí com dinheiro vivo", disse.

Oliveira ficou sabendo do desaparecimento depois de dois dias e revelou que já não esperava encontrar os familiares com vida. "Eles eram pessoas humildes, não tinham dinheiro, não tinham utilidade para esses marginais", apontou.

Ele diz não se conformar em como um momento de alegria pôde se transformar em tragédia. Segundo Oliveira, o casal, ela babá, ele pedreiro, trabalhava os sete dias da semana. "Eles juntaram o dinheiro justamente para realizar o sonho." Almejavam se mudar da casa dos fundos do terreno onde moravam com a mãe e cinco dos irmãos dela. A família de Leia é de Minas Gerais. Adenísio era do Paraná e não tinha parentes na Grande São Paulo. Estavam casados há 24 anos e não tinham filhos. Toda a família é de evangélicos da Igreja Pentecostal e espera que os assassinos sejam punidos. "Mas não acredito na Justiça dos homens" disse Oliveira.




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