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Scania tem excedente de 500 trabalhadores e pode demitir
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
30/06/2009 | 07:00
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Mesmo depois de lançar mão de recursos para conter a produção, - como licença remunerada, redução da jornada de trabalho e a não renovação de contratos temporários -, a Scania, em São Bernardo, ainda amarga maus resultados e possivelmente tenha de fazer demissões. A montadora disse que realmente convocou os trabalhadores na tentativa de fechar acordos para atenuar os impactos da crise.

Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Daniel Calazan, o excedente de trabalhadores da montadora pode chegar a 500 funcionários. "A produção caiu muito nos últimos meses e buscamos soluções para evitar os cortes."

Desde a crise econômica, iniciada em meados de setembro nos Estados Unidos, a montadora de caminhões, com 2.900 trabalhadores, faz malabarismo para se equilibrar. Entretanto, as medidas parecem não surtir efeito, uma vez que 70% de sua produção é destinada ao mercado externo.

Apesar de a montadora não divulgar números, fontes internas afirmam que a produção caiu de 80 para 26 unidades diárias desde abril.

Preocupada com o cenário, a Scania concedeu licença remunerada por 60 dias para 536 trabalhadores, desde 27 de abril. Enquanto aguardavam pelo retorno ao trabalho, os funcionários receberam correspondências que os convocava à comparecer na empresa, com data e horário estipulados.

AMEAÇAS - Os trabalhadores se queixaram de pressão para aderir ao PDV (Programa de Demissão Voluntária), encerrado na sexta-feira. A Scania confirmou o envio das cartas, mas negou que tenha feito pressão, apenas ‘convidando' os funcionários à comparecer à empresa.

"Quando chegávamos lá havia um funcionário do RH (Recursos Humanos), um da área de atuação e um assistente social. Eles já tinham o histórico do funcionário e afirmavam que seria melhor aceitar o PDV, já que haveria demissões de qualquer forma ", contou um dos trabalhadores, que não se identificou. Segundo o sindicato, 210 funcionários aceitaram o PDV, que oferecia 70% do salário por ano trabalhado, com o limite de 12 anos e o mínimo de três.

Quanto às ameaças, o diretor disse que o sindicato sempre esteve ao lado do trabalhador, e admitiu que houve pressão. "Eles podiam aceitar, ou não, o PDV. Ameaças todos nós sofremos. É preciso decidir se vamos querer lutar", destacou o dirigente sindical.

Normalmente, a manutenção do emprego é imposta desde o início das negociações, porém, o sindicato parece entender que os cortes são inevitáveis. "Lutaremos ao máximo, mas não conseguimos criar empregos", disse Calazan.

Com 210 trabalhadores a menos depois do PDV, número não confirmado pela Scania, outros 290 colaboradores ainda estariam na condição de excedentes.

Segundo os funcionários, há rumores de que 100 trabalhadores serão enviados para Mauá, onde se montaria outra área de reposição. "Isso durará pouco tempo, e depois todos deverão ser demitidos. É uma forma de mascarar os cortes", comentou um dos funcionários.

Segundo a montadora, não é possível definir o número de trabalhadores excedentes, uma vez que há oscilação constante no mercado. A Scania citou que a prorrogação do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) pode aquecer as vendas, mas destacou que a medida vem se tornando cada vez menos efetiva para o setor.

A empresa iniciou férias coletivas, com duração de dez dias, a partir de ontem e não vai produzir por mais seis dias no mês de julho.

Segundo a empresa, o acordo feito com o sindicato dá direito a dez paradas de produção de maio a julho. Quatro já foram utilizadas. O trabalhador será remunerado por dois dias e os oito dias restantes serão descontados.




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