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Lula visita acampamento do MTST em S.Bernardo

Ex-presidente usou terreno privado, ocupado desde 2 de setembro, como palanque eleitoral

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
22/10/2017 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não precisou ir longe, ontem, para subir em um palanque com vistas à eleição do ano que vem. Acompanhado da presidente Nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, e do coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) Guilherme Boulos – que pode ser candidato à Presidência pelo PSOL –, ele visitou a Ocupação Povo Sem Medo, no bairro Assunção, em São Bernardo.

Ainda no início da tarde, centenas de famílias seguiam rumo ao terreno – algumas com crianças de colo –, a fim de receber o petista, que chegou por volta das 16h15. Assim que desceu do carro, Lula se reuniu com os líderes do movimento em um barracão e, depois, seguiu, protegido por um cordão humano, rumo à cozinha do acampamento, instalado no terreno de propriedade da MZM desde 2 de setembro.

Conseguiu subir ao carro de som quase uma hora depois, para discursar para multidão com cerca de 4.000 pessoas. Foi precedido por Boulos. “Quem está aqui é porque não está mais conseguindo pagar aluguel. Quando chega o fim do mês tem de tomar a difícil decisão: ou paga o aluguel ou compra o leite das crianças”, justificou o coordenador do movimento a Lula.

O ex-presidente, que rasgou elogios para Boulos, começou o discurso exaltando os integrantes do acampamento – que já conta com 12.136 tendas –, e criticando governos municipal, estadual e federal, inclusive o presidente, em suas palavras, ‘golpista’. “Eles têm de saber que aqui não tem vagabundo. aqui não tem traficante, aqui não tem bandido. Aqui tem homens, mulheres, mães e pais, que certamente ou ainda estão trabalhando ou já trabalharam e foram mandados embora. Eles não querem confusão, querem o direito de se esconder da chuva e do sol, como diz a Constituição da República Federativa do Brasil.” A fala levantou aqueles que estavam presentes, que responderam com gritos de “fora, Temer” e “volta, Lula”.

O ex-presidente aproveitou para criticar os vizinhos do entorno que, segundo ele, não têm empatia com integrantes do movimento. “Eles só têm de lembrar que o que nós queremos é a solidariedade deles, para que um dia todos vocês possam ter o apartamento de vocês.” E completou: “Tenho certeza que o momento que vocês estão vivendo hoje é um momento causado pela grave crise econômica desse País depois do golpe de 2016. Disseram que a culpa da desgraça do País era a Dilma (Rousseff), disseram que era o PT, deram o golpe e o Brasil está pior do que já esteve em qualquer outro momento da sua história. ”

Lula disse ainda que está sendo perseguido porque os adversários estão “com medo de disputar” com ele as eleições do próximo ano e pediu a Boulos para entrar com pedido formal junto ao juiz Sergio Moro e o Ministério Público, para que, se for comprovado que o triplex no Guarujá, o apartamento em São Bernardo e o sítio em Atibaia são de sua propriedade, os imóveis tenham um só destino: sejam doados ao MTST. “Estejam preparados, porque vocês podem ganhar dois apartamentos e uma chácara. É só provar que é meu e será de vocês”, disse, provocando gritos no público. E emendou. “Se eles estão fazendo isso para me tirar da luta, quero que eles saibam que quem nasceu no Nordeste brasileiro e não morreu de fome até os 5 anos de idade não tem medo de brigar neste País.”

Autorizado pela Justiça desde 2 de outubro, o processo de reintegração de posse da área depende de reunião sob o comando do Gaorp (Grupo de Apoio às Ordens Judiciais de Reintegração de Posse).




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