O governo brasileiro confirmou há dois dias a compra, por cerca de US$ 57 milhões, de 12 aviões Mirages 2000-C, supersônicos usados. O processo só deveria ser formalizado em julho, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França, mas foi antecipado e apresentado pelo vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar.

Os caças estão em uso regular na aviação militar francesa. O lote está sob revisão para que possa ser entregue até dezembro, quando serão desativados os Mirages IIIE/Br em uso há 33 anos. Os modelos da série C são interceptadores de alto desempenho, com limitações de emprego em outro tipo de missão. Segundo a assessoria internacional da ministra da Defesa francesa, Michele Alliot-Marie, os aparelhos podem disparar mísseis de longo alcance Mica.

A operação, realizada por negociação direta entre Lula e o presidente da França, Jacques Chirac, deveria ser revelada, oficialmente, em 13 de julho, em Paris, na véspera da parada do Dia Nacional da França. Todavia, Alencar foi indiscreto e quebrou o sigilo formal que cercava o assunto, detalhando o procedimento em duas ocasiões.

“Não é o ideal, não é o que queríamos, mas é o que podemos ter no momento”, disse nesta terça um oficial da área operacional da FAB. Para ele, o fato de os caças estarem “empenhados no trabalho diário da Armée de l’Air, é uma garantia da qualidade do material e não nos preocupa tanto quanto se a opção fosse por uma frota que tirada do um depósito para ser depois modernizada”.