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Cinema com potencial
Por Luis Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
06/02/2011 | 07:00
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O cinema nasceu no fim do século 19 como nova forma de entretenimento. Ao longo dos anos, acabou por se desenvolver ao ponto de ser chamada de sétima arte. Seu potencial é tamanho que também é capaz de ter papel social. A interação entre as pessoas e os filmes é marca por trás de toda movimentação do Cine Eldorado (Rua Frei Ambrósio de Oliveira Luz, 55. Tel.: 4059-1649), em Diadema. O contato da comunidade do bairro com as múltiplas possibilidades do cinema poderia servir como roteiro para mais uma produção de Hollywood.

O projeto iniciou suas atividades em julho de 2008, quando foi inaugurado o Centro Cultural Eldorado, no qual a sala está instalada. Antes disso, o espaço abrigava um antigo sacolão. "Foi um desafio desde o início. Era muito difícil imaginar que aqui seria assim hoje", lembra Diaulas Ullysses, coordenador do Cine Eldorado.

A sala comporta 130 pessoas, além de haver espaço para dois cadeirantes. Todo o sistema tecnológico para seu funcionamento foi doado pela Cinemateca Brasileira em acordo de parceria que rendeu ao local, entre outras coisas, som digital e um projetor de película de 35 mm importado da Alemanha. O cuidado com o projeto é tamanho que o projetor conta com lentes que foram feitas especificamente para a sala devido a suas dimensões.

O Cine Eldorado sobrevive graças a ajuda de custo vinda da Secretaria de Cultural de Diadema, pelo ponto de cultura Sambacine, que conta com verba específica para ser repassada. Também há parceria com o Sesc São Caetano e videolocadoras para reforçar a galeria de filmes a serem exibidos.

A programação se preocupa em agradar a todo o público. Títulos como O Rei Leão (1994), O Exterminador do Futuro - A Salvação (2009) e Chico Xavier (2010) dividem espaço com clássicos europeus e filmes antigos, casos de Acossado (1959) e Os Abutres Têm Fome (1970). O saguão de espera traz imagens de ícones como Grande Othelo e Oscarito ao lado dos astros Jennifer Aniston e Gerard Butler. Segundo o coordenador, é essencial que o cinema não fique refém dos blockbusters norte-americanos.

INTERAÇÃO - A maioria das atrações é escolhida pelos integrantes da comunidade. No mês passado, por exemplo, quase 100% dos filmes exibidos foram selecionados pelo público. "Ensinamos que o diálogo é muito importante e isso reflete no projeto. Quase 50% do que passamos aqui é o pessoal que indica. Temos uma troca de experiência tremenda." Até mesmo as normas de comportamento internas foram definidas em conversa.

A interação com o Eldorado é tamanha que suas histórias já se misturam. Morador do bairro, Ezequiel Rodrigues Gonçalves, 26 anos, aprendeu o ofício de projecionista no espaço cultural em 2008. "Nunca imaginei mexer com um projetor. Nem sabia o que era a profissão. Aprendi e continuo aprendendo a como mexer nas máquinas e lidar com os filmes", diz o servidor público. Além da projeção, Gonçalves às vezes faz o papel de bilheteiro e lanterninha. "Somos uma equipe que acaba se ajudando."

Outro envolvido no projeto é Ananias Mendes Barbosa, 58. O veterano projecionista iniciou a carreira em 1976 e está no Cine Eldorado desde o início. "Falavam que isso não iria durar três meses e que ia apodrecer. Mas sempre acreditei. Isso aqui não é qualquer coisa, é cinema", orgulha-se.

Não é ousadia dizer que o espaço não deve nada - e chega a superar - outros cinemas comerciais do Grande ABC. Como Ullysses afirma: "O Cine Eldorado foi pensado para ser um cinema de ponta".

As sessões, que contam com filmes em película, DVD ou blu-ray, ocorrem de quarta a domingo em horários variados. A entrada é franca e a diversão garantida.




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