Cultura & Lazer Titulo Comédia
A um sim da cama
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
06/08/2010 | 07:07
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Amor e paixão não seguem regras e sim variantes. Entre gostar e não gostar há que ceder, que lutar, que ponderar ou que se jogar de cabeça, sem pensar nas intempéries que em seguida virão. É sobre isso que fala Vamos?, comédia de Mário Viana, que estreia hoje no Teatro Imprensa, na Capital.

Na peça, A e B são amigos em noite de confraternização. Bebida vai e vem e os dois começam a fazer revelações picantes. Um quer transar com o outro, mas o segundo teme que a relação atrapalhe a amizade. É aí que entra a bomba. Esses dois começam a se revezar entre quatro atores - Dalton Vigh, Tania Khallil, Rachel Ripani, Alex Gruli. Fica a dúvida, seriam eles homem e mulher, duas mulheres ou ambos homens? Na ciranda das interpretações apenas dois tipos estão representados: o conquistador e o conquistado.

"Se eu batizasse os personagens eles iam ganhar forma. Generalizando fica mais fácil, pois eles vão se transformando. As mudanças que estão rolando em um plano e outro são sentimentos que todos têm. Não importa a experiência do espectador, mas é certeza que ele já vivenciou alguma situação do espetáculo".

Mas não há crise metafísica entre os pares. "Os personagens nem chegam a discutir esses problemas da contemporaneidade, são bem resolvidos. O que eles discutem é o limite entre a amizade e o sexo, a paixão e o amor. A linha que demarca esses territórios é muito tênue", afirma.

A complexidade das relações - ao mesmo tempo tão abertas, nesta era digital, quanto descartáveis - é um dos motes de interesse de Viana. "O mais contemporâneo é que os personagens falam abertamente sobre o que querem, mas escondem seus sentimentos mais delicados. Há uma exposição de sensações infinitas graças à internet, mas, em contrapartida, houve uma pasteurização dos sentimentos", diz o autor.

O texto começou a ser escrito na década de 1990 a partir de conversas em mesa de bar. "Trabalho o tempo todo assim, me autodefino como vampiro de falas. Gosto de ver situações, ouvir pessoas, imaginar pedaços de conversas que não consigo captar inteiras", conta.

Algumas montagens dele já foram feitas. "Há cada seis meses um grupo vem me pedir para montá-la. Mas eu acredito que agora é um texto novo. Muita coisa muda em 13 anos, você fica mais à vontade para mexer com certos temas", entende Viana.

Nessa salada mista, a única certeza que se pode ter é de que é impossível sair de lá confuso. "É um jogo de espelho. Sabe daqueles meio toros, que mudam a sua imagem, ora te aumentam e em outra te diminuem?", sinaliza Viana.

Vamos? - Teatro. No Teatro Imprensa - Rua Jaceguai, 400, São Paulo. Tel.; 3241-4203. 6ª, às 21h30; sáb., às 21h e dom., às 19h. Ingr.: R$ 40 (6ª e dom.) e R$ 50 (sáb.). Até 28 de novembro.




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