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Randolfe anuncia nome de dois ministros

Pré-candidato do Psol à Presidência da República, o senador Randolfe Rodrigues (Amapá) revelou, com exclusividade ao Diário, dois de seus possíveis futuros ministros. Para cuidar do Ministério da Justiça, o escolhido seria Luiz Eduardo Suares – alinhado à Rede –, que já chefiou a Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro, na gestão Anthony Garotinho (PR), e a Secretaria de Segurança Nacional, no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). César Benjamin seria o nome do socialista para um dos postos da equipe econômica – Planejamento, Banco Central e Fazenda

Por Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
28/04/2014 | 06:48
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Pré-candidato do Psol à Presidência da República, o senador Randolfe Rodrigues (Amapá) revelou, com exclusividade ao Diário, dois de seus possíveis futuros ministros. Para cuidar do Ministério da Justiça, o escolhido seria Luiz Eduardo Suares – alinhado à Rede –, que já chefiou a Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro, na gestão Anthony Garotinho (PR), e a Secretaria de Segurança Nacional, no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). César Benjamin seria o nome do socialista para um dos postos da equipe econômica – Planejamento, Banco Central e Fazenda. Ele já militou no PT, Psol e atualmente está afastado da vida política. “Antes do dia da eleição, pretendo dizer ao Brasil qual seria nosso ministério se formos escolhidos”, disse. Em contrapartida, Randolfe também elogiou componentes que passaram pelas gestões petistas, como a ex-ministra da Secretaria de Direitos Humano Maria do Rosário. “É uma pessoa interessantíssima.” O socialista garantiu que Heloísa Helena, que disputou o Palácio do Planalto pelo partido em 2006 e ficou na terceira posição, estará apoiando sua chapa, que tem como vice Luciana Genro. “Ela (Heloísa Helena) será candidata a senadora (por Alagoas) e estará no Senado no ano que vem.” Randolfe também afirmou que o Brasil sofre processo de desindustrialização e sente orgulho de ter o agronegócio como principal item de exportação. “Nosso parque industrial começou a crescer quando Getúlio (Vargas) construiu a Companhia Siderúrgica Nacional em 1960, o Brasil tinha 2,9% da indústria do mundo. Hoje nós representamos 1,6% da indústria do mundo.” Para retomar a industrialização, o senador sugere retomada de investimentos nas montadoras do Grande ABC, mas com foco na produção de veículos coletivos.

DIÁRIO – Até agora o sr. rejeita alianças com partidos que não sejam de esquerda. Como governaria sem o PMDB?
RANDOLFE RODRIGUES – Governar com o PMDB me parece que não é governar. Acaba sendo uma negociação. É isso que acontece no caso da Petrobras, é isso que acontece no caso do setor elétrico. Três dos cinco integrantes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica renunciaram. Vou, pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, convidar esses três para explicar as razões do pedido de demissão. O governo levou para ser analisado nessa comissão o pedido das distribuidoras de anistia de dívidas que elas tinham com o governo. Boa parte delas foi privatizada e o governo, por critérios políticos, resolveu anistiar essas dívidas. É um absurdo completo. O que está gerindo os marcos regulatórios de energia elétrica passa a ser os critérios dos favores políticos. Está ocorrendo uma barberagem em cima de outra. Para segurar a tarifa de energia elétrica artificialmente, as custas da taxa não ser ajustada na eleição para não causar impopularidade, o governo está contraindo empréstimos bancários de R$ 12 bilhões. Ocorre que segurar tarifas dessa forma com a taxa selic que nós temos, que é a maior taxa de juros do planeta, essa conta vai ser paga daqui a pouco e por nós, consumidores. O reajuste da energia elétrica será, no mínimo, o maior dos últimos dez a 15 anos. Isso ocorre porque se leiloou o setor entregando de porteira fechada para o PMDB. A mesma coisa está ocorrendo na Petrobras.

DIÁRIO – Como preencher os quadros de toda estrutura federal com os quadros que o Psol tem hoje?
RANDOLFE – Antes do dia da eleição pretendo dizer ao Brasil qual seria nosso ministério se formos escolhidos. O ministro da Justiça do meu governo seria Luiz Eduardo Suares, que não é do Psol, ele diáloga com a Rede. Foi ele quem idealizou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 51 para desmilitarizar as polícias. É sociólogo.

DIÁRIO – E para o segundo escalão, secretarias e agências?
RANDOLFE – Primeiro, vamos diminuir, acabar com essa farra. São 39 ministérios. Só existe tudo isso para fazer barganha com aliados. Quero fazer a composição antes de chegar. No conjunto da economia, Fazenda, Banco Central e Planejamento, ainda não tenho o nome. Mas Cesar Benjamim deveria integrar minha equipe econômica.

DIÁRIO – Daria para aproveitar alguém do atual governo?
RANDOLFE – Vamos ver. Tem uma pessoa que não está no governo atual, mas é interessantíssima: a ex-ministra de Direitos Humanos Maria do Rosário. Não sei porque Olívio Dutra não é aproveitado pelo governo. Primeira coisa que se deve fazer na política é escolher a oposição. Depois disso, tem que dizer com quem quero governar.

DIÁRIO – Heloísa Helena foi a presidenciável com melhor desempenho no Psol e pouco participa da sua pré-campanha.
RANDOLFE – Heloísa Helena está conosco, não tenho dúvida. Eu e Luciana (Genro) vamos visitá-la em Maceió, para que ela participe mais da nossa campanha. Ela será candidata a senadora e tenho certeza que estará no Senado ano que vem. A Heloísa fez um movimento que convencionava a ela (aproximação da Rede), mas tem todo crédito do mundo conosco.

DIÁRIO – O Psol começou a vida partidária com o discurso à esquerda e rejeitando a velha política. O PT também, mas mudou o discurso para chegar ao poder. Seu partido pode seguir esse caminho?
RANDOLFE – O PT, de fato, cresceu com isso, mas foi há muito tempo e em outra circunstância. Alguns até me perguntam se o Psol não está muito parecido com o PT de antes. Acho que não. Gosto de responder com aquela música do Lulu (Santos): ‘Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia’. Não gosto da comparação do Psol com o PT de antes. O Psol de 2014 não é o PT de 1980. O Psol não nasce no berço das greves no Grande ABC. Não vivemos em regime de ditadura. A principal notícia da semana é o assassinato do (coronel reformado do Exército) Paulo Malhães. A lembrança dos mortos, como dizia o velho (Karl) Marx, sempre atormenta a mente dos vivos.

DIÁRIO – Como está o diálogo com as siglas de esquerda para a eleição de outubro?
RANDOLFE – Temos um leque restrito de alianças. Até porque sobra pouca coisa, quem faria aliança com a gente? A porta para o PSTU está escancarada. No fundo, no fundo, o PSTU quer uma aliança com a gente. Vou insistir até o último momento com PSTU e PCB. Sou aliancista por natureza. Lá no Amapá, inclusive, fizemos alianças fora do leque. Para ganhar a prefeitura de Macapá, nos aliamos ao PV e PPS.

DIÁRIO – O PTB e o DEM também entraram nesse leque?
RANDOLFE – Não, foi mito. No segundo turno figuras ligadas a esses partidos nos apoiaram.

DIÁRIO – A gestão em Macapá é a vitrine do Psol e enfrenta dificuldades.
RANDOLFE – Não vou exigir tanto do meu companheiro Clécio (Luís). É o primeiro prefeito de Macapá do século 21 que não foi preso. E nem vai ser. Clécio tem dificuldades enormes. O governo federal esqueceu que Macapá é uma capital brasileira. Queria que a União transferisse para Macapá, pelo menos, 20% dos recursos que transferiu para o ladrão da gestão anterior (Roberto Góes, do PDT).

DIÁRIO – O PT boicota Macapá e o Psol?
RANDOLFE – Falam que o PT tem postura republicana com todos. Só se for na república de Marte. Para não dizer que não é republicano, em relação ao Programa Mais Médicos, depois de muita insistência, teve um tratamento mais igualitário para Macapá. Mas teve muita cobrança do Psol. O PT é republicano com governos petistas.

DIÁRIO – Ainda não está dando para mostrar a cara do Psol em Macapá?
RANDOLFE – Vai dar. Antes de acabar o ano de 2015, Macapá será a primeira capital do Brasil que não terá analfabeto. Duvido que tenha outra capital no País que possa dizer o mesmo. Isso vai ser marca nossa. Vou dizer outra marca, Macapá é a capital com menor tarifa no Transporte coletivo no País (R$ 2,10). Depois das manifestações de junho foi a única cidade que não reajustou para cima, mas reduziu. E tem o passe livre estudantil.

DIÁRIO – Na hipótese de vitória ao Planalto, quais seriam os desafios administrativos e políticos?
RANDOLFE – Para construção da campanha o nosso maior desafio é tentar, com a dificuldade que temos, fazer esse tipo de mensagem chegar ao maior número de pessoas. Preciso me tornar conhecido, fazer com que essa mensagem chegue ao coração das pessoas e tornar o partido terceira via. Vejo necessidade de renovação, sinto isso nas pessoas. Dessa velha política, do velho toma lá da cá, já basta, chega. Ou vamos continuar com os mesmos... (José) Sarney, Renan (Calheiros). Tem também um pessoal que gosta de frequentar a casa do Maluf, vai lá e dá um abraço nele.

DIÁRIO – Temos tido muitas notícias de aumento de estoque e demissões em massa nas montadoras da região, depois que o governo federal tirou os incentivos. Qual a sua proposta para indústria automobilística? Ou acredita que é um setor condenado?
RANDOLFE – Para não ter indústria automobilística é preciso pensar em transição. Se não, vamos substituir por o quê? Quero pensar no setor do ponto de vista da indústria toda. Os governos dos últimos 25 anos estão em dívida com o País. Nos anos 1950, quando Juscelino (Kubitschek) construiu isso tudo que está ao redor, o parque automotivo, foi quando o Grande ABC começou a crescer. Nosso parque industrial começou a crescer quando Getúlio (Vargas) construiu a Companhia Siderúrgica Nacional em 1960. Nessa época, o Brasil tinha 2,9% da indústria do mundo. Hoje nós representamos 1,6%. É muito fácil nos dias atuais encher a boca e dizer que graças ao agronegócio nossa balança comercial é superavitária. É um problema, um defeito da balança comercial. É retrato da perda de espaço na economia mundial nos últimos 25 anos e, principalmente no governo do PT houve muita desindustrializado. Uma economia que tem a soja como item principal de exportação não vai a lugar nenhum no século 21. O governo exalta crescimento dos níveis de empregos. Uma economia que se sustenta com criação de empregos no setor de serviços não tem empregos duradouros. Nós queremos o inverso disso, queremos retomar a industrialização. Se temos problema com o carro, temos que alternar para o carro coletivo. E produzir aqui mesmo no Grande ABC. Não podemos dar continuidade nesse retrocesso.

DIÁRIO – Reformas seriam medidas ideais para colocar essa proposta em prática?
RANDOLFE – Precisamos de uma reforma econômica, retomar a vocação da nossa indústria. Muitos dizem que sou nostálgico, e sou. Não devemos secundarizar a industria. O PT está transformando o Brasil em uma enorme fazenda de soja e exportador de minérios, de ferro, de matérias-primas. Estamos voltando ao século 19. E o pior é que estamos nos orgulhando disso. 




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