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Vila retoma candidatura a patrimônio mundial

Unesco inclui Paranapiacaba em lista indicativa de bens que poderão ser reconhecidos

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
18/04/2014 | 07:00
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Andrea Iseki/DGABC


A vila ferroviária de Paranapiacaba foi incluída pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) na lista indicativa de bens culturais que poderão ser futuramente apresentados ao Comitê do Patrimônio Mundial para serem avaliados e receber o título de patrimônio mundial. Com isso, a Prefeitura de Santo André retoma oficialmente a candidatura da vila, iniciada na gestão de João Avamileno (PT) e interrompida no governo Aidan Ravin (PSB).

Em todo o Brasil, apenas três bens, incluindo a vila ferroviária, foram inclusos na lista, conforme o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Os outros dois são o sítio arqueológico do antigo Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, e o mercado Ver-o-Peso, em Belém, no Pará. Ao todo, a Unesco considera 18 locais no Brasil como patrimônios da humanidade, entre eles a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, o Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, e as paisagens cariocas entre a montanha e o mar, no Rio.

O secretário de Gestão de Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense, Ricardo Di Giorgio, comemora a notícia. “Retomamos o processo que foi abandonado pela gestão anterior. Caso, em junho, a Unesco oficialize Paranapiacaba como candidata, teremos de elaborar um dossiê completo sobre a vila”, explica.

O líder da Pasta garante que Paranapiacaba entra em outro patamar agora. “O processo de abandono, iniciado por volta dos anos 1970 com o sucateamento da ferrovia, será agora recuperado”, disse, citando, inclusive, as obras de restauro que serão realizadas na vila por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Cidades Históricas, do governo federal.

O recurso disponibilizado para a cidade é de R$ 42,42 milhões, mas ainda não foi liberado pelo Iphan. Portanto, o prazo para início das obras até o fim de junho, informado pelo prefeito Carlos Grana (PT) ao Diário no início do mês, irá sofrer atraso. “O Iphan permitiu que as cidades entreguem os projetos executivos até o dia 31 de julho. Santo André cumpriu o prazo anterior, de fevereiro, mas ainda estamos no aguardo da disponibilização da verba”, disse o secretário. Em todo o Brasil, 44 cidades foram beneficiadas pelo programa.

RESTAURO

Di Giorgio afirma que, após o início das intervenções, o prazo de conclusão é de três anos. “Vamos começar pelos prédios maiores. As obras nos 242 imóveis residenciais (da Vila Martin Smith) é que serão as mais longas, pois precisaremos fazer por lote. Afinal, as pessoas vivem aqui e não podem ter a rotina prejudicada.”

O recurso federal possibilitará ainda a restauração da garagem das locomotivas, oficinas de manutenção e almoxarifado da antiga São Paulo Railway Company, da sede da Associação Recreativa Lyra da Serra (Cine Lyra), do campo de futebol, da Casa do Engenheiro e a reconstrução de imóvel incendiado na região do Hospital Velho.

Município, Estado e União atestam importância histórica do local

A importância de Paranapiacaba começou a ser reconhecida em 1987, por meio do tombamento do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo). Em 2002, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) garantiu o tombamento nacional e, em 2003, o Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André) reconheceu a vila na esfera municipal.

Em 1994, a Unesco atestou a importância da biodiversidade e dos ecossistemas da Mata Atlântica da região e criou a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo.

A campanha iniciada em 2008 para patrimônio mundial tinha como slogan Paranapiacaba: Patrimônio Cultural e Natural de Santo André para a humanidade. O processo foi retomado apenas na gestão Carlos Grana (PT). 




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