São Bernardo e Grêmio Mauaense fazem campanhas opostas na Copa FPF (Federação Paulista de Futebol), Éverton é o goleador do São Bernardo com cinco gols e Patrick, o artilheiro do Mauaense, com três. Em comum, porém, os dois jovens atacantes vivem a condição de artilheiros da esperança. São jovens, e como todos os que se encontram em início de carreira, ambicionam projeção nacional e até internacional. Afinal, ocupam certamente a posição mais valorizada pelos milhões de euros dos principais clubes europeus. Nesta tarde, no entanto, a realidade ainda será bem distante, no confronto que vão protagonizar a partir de 15h, na Vila Euclides, pela Copa FPF (Federação Paulista de Futebol.

“Desde criança eu sonhava em me tornar jogador profissional de futebol, mas confesso que nunca pensei que realmente eu conseguiria”, revelou o artilheiro Éverton, 19 anos, que iniciou nas categorias de base do São José EC, do Vale do Paraíba. “Sempre tive esperança de estar num time profissional e quando o Santo André me chamo, quase não acreditei”.

Éverton chegou ao juvenil do Ramalhão – clube que o emprestou ao São Bernardo até o final do ano – com muita insegurança. “Era garoto ainda e jamais tinha sequer viajado sem meus pais e já estava dormindo com outros garotos que nunca tinha visto no quarto do alojamento”, relembra o atacante, que explica que o entrosamento foi fácil. “Nunca tive problemas para me enturmar com o pessoal e rapidamente eu já tinha amigos lá”, explicou.

Fã do grupo de pagode Jeito Moleque e namorando há seis meses a joseense Ariana, o atacante manda um recado para a garotada que tem em mente um dia se tornar jogador profissional de futebol. “Tudo é uma questão de força de vontade, garra e de acreditar que seus sonhos podem se realizar. É claro que tudo é muito difícil, a rotina de treinamentos, o jogador abre mão de um monte de coisas, principalmente da família, como no meu caso que saí de casa muito novo”, diz.

Éverton faz questão de fazer um alerta para a boleirada que está começando, independentemente de idade: “Temos de matar um leão por dia nos treinamentos, nos jogos e quando eles acabam (jogos) temos ainda de nos preocupar com a estrutura emocional, pois o assédio é muito grande e se a gente não tiver com a cabeça no lugar, acaba se perdendo. A gente sabe de muitos jogadores que ganharam muito dinheiro e acabaram se perdendo antes mesmo de terminar a carreira”, finalizou o artilheiro da Copa FPF.

Longo caminho – Do lado do Mauaense, Patrick Fabiano, 18 anos, percorre longo caminho todos os dias para vencer na carreira. Ele mora em Cidade Tiradentes e vem de moto para os treinamentos, num percurso total de 32 km. Mas não abre mão do sacrifício, na tentativa de proporcionar vida mais confortável à mãe Maria Helena e à irmã Meg Helena.

“A Copa FPF é uma vitrine para nós. Temos de aproveitar ao máximo. O Grêmio Mauaense é um time jovem, mas que tem subido, e vamos tentar dar seqüência contra o São Bernardo”, garante Patrick, que já passou por Guarani-B e Palestra de São Bernardo, antes de acertar com o Mauaense no início da temporada.

O atacante marcou, recentemente, cinco gols numa só partida, contra a seleção de Itariri, pelos Jogos Regionais. Mas não foi o seu recorde: “no campeonato do Defe (Departamento de Educação Física e Esportes), fiz sete gols pelo infantil do Grêmio Parma, da Cidade Tiradentes”.