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Deboche faz homem matar irmão
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
28/07/2006 | 08:18
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“Além de não saber pilotar, você não sabe nem estacionar essa moto”. Após dizer essa frase, gargalhando, o desempregado Romilton Moraes dos Santos, 37 anos, foi assassinado pelo próprio irmão. O crime ocorreu quarta-feira à noite, na Vila Conceição, em Diadema. O caçula de seis irmãos, Júlio César Ferreira Vieira, 18, que deixou sua moto Honda Strada cair na frente de casa, não agüentou a provocação de Santos e o matou com seis tiros. Vieira está foragido.

De acordo com relatos de familiares e do próprio acusado, Santos não foi morto apenas pela gozação. A história desse fratricídio teve início há cerca de seis meses, quando a vítima começou a se embebedar e a humilhar constantemente pais e irmãos. A raiva do caçula estava acumulada.

O estopim ocorreu às 20h30 de quarta-feira, quando Vieira chegou na residência da família, localizada na rua Bilac, após passear pelo bairro com sua moto Strada, que havia adquirido há um mês. Estavam na sala Santos e outros dois irmãos.

Vieira se atrapalhou ao colocar o suporte do pedal e a moto caiu no chão, quebrando o retrovisor. Santos começou a dar risadas e a zombar das habilidades de motociclista do irmão.

Extremamente nervoso, Vieira entrou em casa e gritou: “Ninguém me segura, ninguém me segura”. Pegou um revólver 38 que guardava em cima da geladeira e foi em direção a Santos, que estava na rua, em frente de casa. Sem titubear, deu dois tiros no irmão, que caiu no chão.

Ao perceber que faltava munição na arma, Vieira voltou para dentro da residência e colocou mais balas no tambor. “A gente não conseguia acreditar no que via. Depois dos primeiros tiros, fomos para cima do meu irmão para ele parar de atirar, mas não teve jeito. Ele estava muito furioso, parecia um animal”, afirmou a irmã E.M.S., faxineira de 24 anos.

Depois de se desvencilhar dos familiares, Vieira atirou mais quatro vezes contra o irmão, que foi ferido na cabeça, peito, costas, ombro e nas duas pernas. Depois disso, deixou a moto de lado e fugiu correndo. Santos chegou a ser socorrido no Hospital Municipal, mas não resistiu.

Policiais militares do 24º Batalhão foram até o local, mas não conseguiram localizar o autor do crime. O caso será investigado pelo 1º DP do município.

“Meu irmão que morreu trabalhava como ajudante-geral, mas há mais ou menos um mês foi despedido porque bebia demais. Depois de ficar bêbado, costumava ofender todo mundo, principalmente nossos pais. Ele dizia coisas absurdas para humilhar a gente. Mas isso não justifica o que nosso irmão caçula fez. Somente Deus tem o direito de tirar a vida da gente”, desabafou, chorando, a irmã da vítima e do suposto assassino.

O pai e chefe da família, o aposentado P.M.S., 63 anos, chegou a apoiar o assassinato cometido por Vieira. “Esse meu filho que morreu não prestava. Só queria saber de beber e falar um monte de besteiras para a gente. Aqui se faz e aqui se paga”, disse o aposentado. A mãe da família entrou em estado de choque após o assassinato e teve de tomar diversos remédios.

Os dois irmãos já tinham passagem criminal. Vieira, no ano passado, atirou no pescoço da irmã de sua namorada após discussão entre o casal. Os dois moravam juntos na rua Bilac e, após separação, a namorada foi com a irmã buscar seus pertences na casa. Vieira não deixou e teve início a briga. Ele foi indiciado por homicídio tentado.

Santos, por sua vez, no Natal de 1997 atirou em um vizinho na mesma rua. A sua então namorada estava na casa desse vizinho e Santos queria entrar na residência para vê-la. O proprietário não deixou e foi baleado. Após Santos responder processo em liberdade, o caso foi arquivado pela Justiça.




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