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UFABC chega ao segundo semestre sem verba para obras

Instituição usa emendas parlamentares para finalizar prédios; orçamento está bloqueado pela União

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
10/08/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A UFABC (Universidade Federal do ABC) chegou ao segundo semestre sem ter recebido qualquer recurso destinado a investimentos. Dessa forma, a continuidade das obras em andamento, como prédios que estão sendo erguidos nos campi de Santo André e de São Bernardo, tem sido feita por meio de emendas parlamentares. As informações foram repassadas na manhã de ontem pelo vice-reitor da instituição, Wagner Carvalho, após evento no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. 

De acordo com dados disponíveis no site da Propladi (Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional) da UFABC, a previsão orçamentária para investimentos neste ano era R$ 9,061 milhões. Já o grupo de despesas de custeio soma R$ 292,7 milhões, sendo que apenas 58% do montante foi liberado. Segundo o vice-reitor, nesta mesma época do ano passado já haviam sido liberados 80% do orçamento, no entanto, o governo federal anunciou, no fim de abril, o bloqueio de 30% das verbas das universidades federais. 

Carvalho explicou que a estratégia adotada pela instituição tem sido a de utilizar recursos que sobraram no orçamento do ano passado para garantir o funcionamento da instituição de ensino superior. “Não limitamos nenhuma das atividades programadas durante o ano porque fizemos um planejamento desde o ano passado para que tivéssemos algum recurso disponível numa situação de limitação das verbas neste ano”, afirmou.

Conforme o vice-reitor, o cenário mais grave é o relacionado aos investimentos, totalmente contingenciados. Ele ressaltou que a universidade, em razão do seu pouco tempo de vida, ainda está em implantação de estruturas físicas e neste momento não há nenhuma liberação de investimentos para essa situação.

Carvalho pontuou que o recurso de investimento repassado no ano passado (R$ 4,827 milhões) permitiu a construção de um bloco em São Bernardo, que está em vias de ser finalizado, e o início da obra de um prédio em Santo André, que hoje tem apenas estrutura metálica erguida. “Com a emenda parlamentar, vamos completar, mas não dá para deixar em condições de ser utilizado. Haverá o término externo para garantir o que já foi construído. Caso contrário a gente poderia chegar numa situação de perder o que já foi feito”, concluiu.

UNIFESP

A Unifesp (Universidade de São Paulo), que conta com campus em Diadema, informou que teve 30% dos recursos bloqueados para ações de extensão e 34,5% relacionados aos custos para o funcionamento da universidade, como água, luz, contratos de manutenção e segurança. No caso dos investimentos para obras e reformas, o contingenciamento também foi de 30%, além de “expressivo valor das emendas parlamentares” não detalhado pela instituição. 

O MEC (Ministério da Educação) destacou que “no que tange aos valores a serem repassados, tal fato depende do volume de despesas a serem liquidadas pelas instituições federais de educação superior durante o exercício. Assim, cabe salientar que os repasses às unidades vinculadas ao MEC encontram-se regulares, proporcional aos limites estabelecidos pelo decreto de programação orçamentária e financeira”.

Consórcio terá grupo técnico para debater o ensino superior

Integrar as instituições de ensino superior do Grande ABC e as demandas do parque fabril da região. Esse é um dos objetivos do futuro grupo técnico de trabalho com as universidades e faculdades debatido ontem no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Ficou definido para o dia 6 de setembro a formação oficial da equipe e apresentação dos itens prioritários para discussão.

O secretário executivo do Consórcio, Edgar Brandão, destacou que o colegiado já conta com GT (Grupo de Trabalho) Educação, mas que se foca mais em questões administrativas e com ênfase na educação básica. “É preciso avançar com as universidades questões como tecnologia, desenvolvimento, tendo como foco, por exemplo, nosso polo de ferramentaria (a região debate com o governo federal a implantação do polo na região).”

Diretor de programas e projetos do Consórcio, Giovanni Rocco destacou que serão organizadas agendas de médio e longo prazos para integrar os setores acadêmicos e produtivos, além de levar para as universidades estudos e documentos produzidos sobre os projetos que estão sendo estudados e implantados na região.

Reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Marcos Sidnei Bassi destacou que tão importante quanto pensar de que forma as universidades podem colaborar e incentivar o desenvolvimento econômico é elaborar o que será feito no futuro, como cursos destinados a profissões que ainda não existem. “A indústria está mudando muito e precisamos pensar no que virá depois”, afirmou.

Vice-reitor da UFABC (Universidade Federal do ABC), Wagner Carvalho avaliou a iniciativa do Consórcio como fundamental. “Temos que incentivar, promover e gerar novas empresas, startups, fomentar esse tipo de atuação para que a região continue e se mantenha com a força que demonstra hoje”, concluiu.

Gestores das Fatecs (Faculdades de Tecnologia) de Diadema e de Mauá, Rosangela Bonicci e Jarbas Thaunahy, respectivamente, destacaram a importância da aproximação para os alunos. “Na Fatec Diadema, nosso foco é formar a mão de obra para a região”, pontuou Rosangela. “Podemos avaliar, de imediato, que dos cinco cursos que mantemos em Mauá, três estão diretamente ligados ao futuro polo de ferramentaria e ao polo petroquímico e esse entrosamento entre academia e mercado é o que fortalece a região”, afirmou Thaunahy.

Além das instituições citadas, também participaram da reunião representantes da FGV (Fundação Getulio Vargas), da FSA (Fundação Santo André) e da Universidade Metodista.




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