Os presidentes do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, convocaram a imprensa para declarar que as duas instituições financeiras não promoveram aumento das taxas de juros para os seus clientes.

Após encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, os dois executivos demonstraram desconforto com a reportagem em que o jornal "O Estado de S. Paulo" mostrou, no domingo, que houve aumento na taxa de

juros média praticada pelos dois bancos públicos de acordo com dados de ranking feito pelo Banco Central.

Na entrevista, Bendine e Maria Fernanda criticaram a metodologia utilizada pelo BC para elaborar o ranking, o qual, segundo eles, acabou produzindo dado "enviezado". Os dois executivos argumentam que a elevação da taxa média se deve ao fato de BB e Caixa terem aumentado sua carteira de crédito com clientes novos que têm avaliação de risco maior.

"Não houve mudança alguma nas taxas de juros por parte dos dois bancos, afirmou Bendine. Segundo ele, é "natural" que, nesses casos, acabe ocorrendo, na média, elevação dos juros. Os dois executivos disseram que já pediram ao BC mudança na metodologia, a qual, segundo eles, é criticada também pelos bancos privados.

A presidente da Caixa sugeriu que o ranking inclua as taxas mínimas e máximas praticadas pelos bancos, e não a média. Na avaliação dos dois, os dados do ranking mostram "uma simples interpretação errônea da realidade".

Maria Fernanda Coelhodeixou escapar a informação de que o ministro Mantega, na reunião que teve ontem com os dois, pediu explicações sobre a elevação de juros mostrada na reportagem.

Bendine fez questão de dizer que não há mudança na estratégia do governo de manter baixas as taxas de juros dos bancos públicos. "A estratégia está mantida", disse. Ele fez uma avaliação da oferta de crédito, afirmou que há boa demanda, mas não "pressão de superaquecimento do crédito". Segundo Bendine, o crédito está normalizado e dentro de bom fluxo".