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Portadores de marca-passo
levam vida normal na região

Notícia de que Bento XVI usa dispositivo gera dúvidas em torno do aparelho

Por Thaís Moraes
do Diário do Grande ABC
24/02/2013 | 07:00
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A notícia de que o Papa Bento XVI renunciaria ao posto de chefe da Igreja Católica, em pronunciamento feito no dia 11, surpreendeu o mundo. Além disso, outra informação que não era de conhecimento público foi revelada: o pontífice é usuário de marca-passo cardíaco.

Apesar de o Vaticano ter dito que a decisão não possui ligação com o dispositivo, e sim com a idade avançada do papa, muitas dúvidas surgiram em torno do aparelho e sobre como ele pode mudar a vida dos que o utilizam. "Vivo com marca-passo há 16 anos e a única coisa que não faço mais é jogar bola porque pode haver impacto. O resto é tudo igual", simplifica o aposentado Caetano Pereira de Menezes, 82 anos.

Menezes colocou o aparelho pela primeira vez em 1998, quando seu médico diagnosticou veia entupida no coração. "Os seis primeiros meses foram difíceis, sentia mal estar e não comia bem. Mas hoje acho que vivo melhor do que muita gente com um coração que funciona perfeitamente."

Segundo o médico cardiologista e diretor de regionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, José Luís Azis, a função do marca-passo é gerar energia. "O coração possui um estímulo elétrico natural que promove os batimentos. Quando esse estímulo falha por alguma razão, o aparelho restaura o ritmo."

Não existe idade mínima para a colocação, porém, os que mais utilizam têm entre 80 e 90 anos, época em que o músculo está mais fraco devido à velhice. "A cirurgia é simples. O aparelho é colocado embaixo da pele. O procedimento leva até 40 minutos e o paciente vai embora no dia seguinte", explica Azis.

Os marca-passos estão disponíveis em funções e formatos diferentes. Os mais modernos têm o tamanho de uma caixa pequena de fósforo. "Uns vão estimular de acordo com a temperatura do corpo, outros quando é feito um exercício físico. É como um celular, existem os que só fazem e recebem ligações e os smartphones."

O tempo de duração da bateria varia de sete a dez anos, dependendo do quanto é exigido. A cada seis meses o paciente deve verificar junto ao médico o desgaste e o tempo de vida do aparelho. Para isso, é colocado um microprocessador em cima do marca-passo que faz a leitura e transmite as informações para um computador. O médico pode, então, modificar a intensidade dos estímulos. Quando há desgaste total do aparelho, ele deve ser trocado.

A dona de casa Maria José Herrera Castanha, 57, tem marca-passo há oito anos. Hoje, lida bem com a situação, mas o começo foi difícil. "Fiquei deprimida, mas agora até esqueço que tenho."

A prática de atividades físicas é recomendada, mas é preciso evitar esportes de impacto, já que o aparelho pode se deslocar. Também não é aconselhável ficar próximo a objetos que possuam campo magnético, como telefones sem fio, celulares, micro-ondas, televisores e outros, pois costumam alterar a frequência do marca-passo.

Tanto Menezes quanto Maria José, nunca tiveram problemas para entrar nos bancos. Ambos avisam que possuem um coração de metal no peito.




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