Economia Titulo Contas para pagar
Endividamento é o menor
dos últimos 40 meses

Bancos restringem crédito, elevam os juros e
consumidor pensa duas vezes antes de emprestar

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
09/02/2014 | 07:10
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Banco de dados/DGABC


Pela primeira vez em 40 meses, o endividamento das famílias com o SFN (Sistema Financeiro Nacional) chegou a 29%, em novembro. Segundo dados do BC (Banco Central), nos períodos anteriores o percentual não baixava da casa dos 30%. Isso sem considerar os financiamentos de imóveis.

Esse resultado é visto  pelos especialistas como positivo, tendo em vista que quanto menor o endividamento, menores também são as chances de calotes nas parcelas dos empréstimos e maior a capacidade de consumo futuro.

Na região, segundo a mais recente Pesquisa Socioeconômica do Inpes-USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), a renda média familiar de 2013 era de R$ 3.676. O endividamento passou, portanto, com base na estimativa do BC, de R$ 1.102 para R$ 1.066 neste caso.

O cenário se formou, basicamente, por dois fatores. Primeiro pela restrição das instituições financeiras nas concessões de crédito no ano passado. Para minimizar o risco de sofrerem com a inadimplência, que são os atrasos nas parcelas por mais de 90 dias, os bancos selecionaram melhor para quem iriam emprestar dinheiro.

 “Isso ocorreu, principalmente, com as operações de refinanciamentos, crédito para a aquisição de veículos e financiamentos imobiliários”, classifica o professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo e coordenador do Observatório Econômico da instituição, Sandro Maskio.

Além disso, a taxa básica de juros, a Selic, foi ampliada pelo governo federal, que tinha a intenção de segurar a inflação pela redução do consumo.

“À medida em que a taxa básica de juros subiu, os bancos elevaram as suas taxas. O dinheiro ficou mais caro. Então, o consumidor passou a pensar duas vezes antes de emprestar”, explica o professor de Economia Otto Nogami, que ministra aulas no Insper.

Tendo em vista que o produto mais desejado dos consumidores, o dinheiro vendido pelos bancos (crédito), está mais caro, mais difícil de contratar e as famílias já estão com dívidas suficientes para se preocuparem, o resultado foi uma leve redução no endividamento médio. E, como consequência, pontua Otto, houve incremento no comprometimento da renda com as parcelas de empréstimos.

Segundo informações do BC, em novembro, as famílias gastaram 21,53% da remuneração média com parcelas de crédito. No mês anterior, foram 20,99%.

O economista da Fecomercio-RJ Christian Travassos entende que as famílias estão administrando melhor o orçamento. “Infelizmente, desta vez, parece que as famílias estão aprendendo pela dor”, acrescenta Maskio, sobre os problemas que as dívidas normalmente geram.




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