Diarinho Titulo Desenho
Tem arte na sala de aula

O desenho das crianças já serviu de inspiração para pintores muito famosos

Por Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
23/06/2013 | 07:00
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O espanhol Pablo Picasso (1881–1973) foi um dos maiores artistas do século 20. Respeitado no mundo todo, passou a vida tentando aprender a desenhar como as crianças. Outros importantes pintores, como o catalão Joan Miró (1893–1983) e o russo Wassily Kandinsky (1866–1944), também eram grandes admiradores das ilustrações feitas pelo público infantil.

O problema é que quando a maioria das pessoas cresce começa a acreditar que não desenha bem, que isso é coisa apenas de artista. Não é verdade, e a turma do 3º ano da Emeief Profª Elaine Cena Chaves Maia, em Santo André, sabe disso.

Toda segunda-feira a roda de conversa da classe, comandada pela professora Cleonice Aparecida Souza Capelli, inicia-se com a leitura e bate-papo sobre as reportagens do Diarinho. Uma das atividades que a sala mais gosta, no entanto, é quando recebe cópia xerocada do divertimento Você é o artista, em que o leitor pode fazer desenho e mandá-lo para o jornal.

Um dia, a professora teve a ideia de pegar as ilustrações produzidas pelos alunos e enviá-las ao Diarinho. João Vitor do Prado, 9 anos, foi o responsável por levar a carta aos Correios. “Estavam muito ansiosos esperando os desenhos serem publicados”, diz Cleonice.

A equipe ficou tão feliz ao receber a correspondência que teve uma ideia: “Que tal visitarmos a turma?” E foi o que aconteceu. Fernandes e Seri, ilustradores do Diário, deram uma aula diferente para a classe. Fernandes ensinou a desenhar um fusca usando apenas curvas e retas (você também pode aprender a fazê-lo na página 7).

Seri mostrou como fazer uma caricatura de Fernandes, tipo de retrato em que características da pessoa ou objeto são exageradas. Todos deram risada e se divertiram bastante. O bacana é que cada desenho ficou com o jeito do dono; alguns ocupavam a folha toda, outros eram pequenininhos. Teve ainda quem o deixou bem colorido ou o encheu de corações.


Forma de expressar ideias e sentimentos

Sophia Yeshua Senra, 8 anos, gosta de fazer ilustrações todos os dias. “O tempo voa quando desenho.” Para o amigo Gabriel Felipe dos Santos Joventino, 9, podemos criar arte mesmo quando estamos tristes. “É bom desenhar porque a gente expressa os sentimentos e ideias”, diz o menino, que curte pintar animais e carros.

O legal de desenhar, na opinião de Nicolly Henrinkes Rafael, 8, é poder colocar no papel as invencionices que surgem na imaginação. “Dá para fazer um monte de coisas, como monstro com três cabeças e cauda de sereia.”

E para desenhar não precisa de muito esforço; basta ter vontade, de acordo com Renan Gomes, 8. “Estimula a gente a ser artista”, defende o menino, que faz ilustrações de seus programas de TV preferidos, como Angry Birds e Ben 10.

A turma também sabe que lápis, caneta, tinta e papel não são os únicos materiais que podem ser utilizados na ilustração. Ela pode ser feita com barbante, arame, cabelo, plástico, alimentos e até com o corpo. Camila Martins Fonseca, 8, por exemplo, já usou carvão. Ela também gosta de desenhar no Paint (programa de computador). “No papel, a gente erra, apaga e fica a marca. É mais fácil no computador. Não precisa apontar o lápis.”


Desenho não precisa copiar a realidade

Desenho bonito não é apenas aquele que copia a realidade, embora muita gente acredite nisso. Quanto mais criativos, livres e variados forem os traços, melhor. O desenho está relacionado à necessidade de expressão e comunicação do homem. É uma das nossas primeiras formas de arte. E sempre carrega uma mensagem, mesmo que pareça difícil entendê-la.

Não se sabe ao certo quando o homem começou a desenhar. Estudiosos calculam que alguns dos registros mais antigos que conhecemos tenham 30 mil anos! Os desenhos feitos na Pré-história também ganham o nome de pinturas rupestres.

Entre as mais famosas estão as das cavernas de Lascaux, na França. Descobertas nos anos 1940, representam animais e caçadas. Além de bonitas, impressionam pelo bom estado de conservação. Acredita-se que tenham cerca de 17 mil anos.

As pessoas não costumam prestar atenção, mas os desenhos estão por toda a parte: na animação da TV, games, roupas, calçados, carros, livros, nas construções que formam as cidades e em toda a natureza. Brincar de procurá-los é divertido e ajuda a gente a enxergar o mundo de outro modo.


Saiba mais

Alguns dos desenhos mais curiosos do mundo não foram feitos no papel, mas no solo. Entre eles estão as Linhas de Nazca, no Peru.

Essas linhas são grandes figuras (algumas representam animais) desenhadas no chão há milhares de anos por antiga civilização.

Há artistas com deficiência que usam a boca e os pés para desenhar. Era o caso do irlandês Christy Brown (1932-1981), que ficou famoso com o filme Meu Pé Esquerdo, que retrata sua vida.


Consultoria de Thiago Honório, professor da Faculdade de Artes Plásticas da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).

O Diarinho agradece aos alunos do 3º ano da Emeief Profª Elaine Cena Chaves Maia: Alice do Nascimento, Aline Rodrigues, Beatriz Capelli, Camila Fonseca, Cezar D’Albuquerque, Claudio de Oliveira, Débora Conzentini, Gabriel Joventino, Gabrielly Santos, Isabelle Martins, Isabelly Gonçalves, Jean Carlos Dias, João Vitor do Prado, Leandro de Toledo, Letícia da Silva, Millena Belini, Nicolas Silva, Nicolly Henrinkes, Raphael Soares, Renan Gomes, Samuel Sena, Sarah da Silva, Sophia Yeshua, Pedro Henrique Muniz e Paulo Ricardo da Silva.
 




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