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Bombeiros ficam sem água e pedem ajuda ao Semasa para apagar fogo
Paula Nunes
Do Diário do Grande ABC
23/06/2006 | 07:48
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Uma loja de sapatos no Parque Novo Oratório, em Santo André, foi completamente consumida pelo fogo quarta-feira à noite. Os bombeiros foram chamados logo que surgiram as primeiras labaredas, às 19h30, mas a água dos dois caminhões enviados – de 3 mil litros cada – ao local não foi suficiente. Sem saída, os bombeiros apelaram para o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), que enviou um caminhão-pipa com água potável duas horas depois do início do incêndio. Ao chegar, só existiam alguns focos de incêndio e a perda do imóvel já era total.

O primeiro recurso dos bombeiros para conseguir água foi procurar o proprietário do prédio em frente ao imóvel incendiado, Itajiba Agnelo de Souza. Eles tentaram usar o hidrante no interior de uma loja de doces. “Nessas horas a gente tem de ajudar, é tudo amigo nosso”, disse o vizinho. Só que mesmo com 15 mil litros de água no reservatório, não havia pressão suficiente para permitir que ela fosse transferida até o caminhão dos bombeiros.

Os bombeiros tentaram, então, destravar os hidrantes de rua mais próximos do local. Mas tiveram a informação de que a rede de água estava fechada por conta de um vazamento. A Defesa Civil foi acionada após uma hora desde que os bombeiros haviam começado o trabalho de contenção do fogo. Técnicos da Defesa Civil que estiveram no local disseram que não havia água disponível nos hidrantes da rua e solicitaram o envio de um caminhão-pipa do Semasa.

O caminhão-pipa teve de ser abastecido para ser enviado ao local. Por isso, só chegou na rua América do Sul por volta das 22h. Minutos antes, técnicos da Defesa Civil haviam conseguido destravar os hidrantes localizados nas ruas próximas à loja de sapatos e começaram a utilizar a água.

Para conseguir reforços, os soldados do Corpo de Bombeiros pediram emprestadas viaturas de outros quartéis. Vieram veículos da Vila Lucinda e do bairro Campestre, além de caminhões cedidos pela cidade vizinha, Mauá. Isso ocorreu mais de duas horas depois de detectado o fogo no estabelecimento comercial.

Apesar disso tudo, o sargento Luiz Mansur Filho, do 8º Grupamento dos Bombeiros, que comandou a equipe no local, negou dificuldades no atendimento à ocorrência. Ele afirmou que foram encaminhadas à loja nove viaturas, no decorrer de toda operação, que terminou somente às 6h de quinta-feira, por questão de precaução. “Tomamos todas as providências devidas no caso e da nossa parte não faltou água”, afirmou Mansur. Ele também negou a falta de água no abastecimento público (dos hidrantes da rua) e disse ser “normal” os bombeiros não encontrarem água na rede. “Temos apoio nesses casos”, resumiu.

Quinta-feira, quando a Semasa foi questionada sobre a interrupção da rede de abastecimento pelo susposto vazamento, negou que isso tenha ocorrido. Justificou, por meio da assessoria de imprensa, que houve apenas dificuldade dos bombeiros na hora de abrir os hidrantes, e não falta d‘água.

Danos – O prejuízo da loja foi de cerca de R$ 500 mil em mercadorias, entre sapatos e bolsas, de acordo com o proprietário Paulo Carrara, 65 anos. O comerciante, que tinha a loja há 26 anos no mesmo endereço, não tinha informações sobre a perícia técnica feita pela Polícia Civil na manhã de quinta-feira. Ele deve recorrer ao seguro para recuperar parte dos danos materiais, o equivalente a cerca de R$ 250 mil contidos em sua apólice. Apesar do prejuízo de meio milhão, Carrara disse que não pretende processar os órgãos públicos pelas falhas no socorro à sua ocorrência.

Não havia ninguém no local quando o incêndio começou. O comércio local havia fechado havia poucos minutos. O dono da loja não imagina o motivo do incêndio. O fogo não atingiu imóveis vizinhos. Quinta-feira de manhã, curiosos passavam pelo local e a polícia preservava a área para que não houvesse saques.

Sucateamento – Em abril, o Diário publicou reportagem mostrando o sucateamento dos bombeiros em Mauá. Na ocasião, dois dos três caminhões do posto da Vila Noêmia estavam no conserto. Havia uma única unidade de Resgate disponível para emergências. Em julho do ano passado, um caminhão do Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar um ônibus em chamas em Diadema e os soldados não conseguiram acionar a bomba de água. O óleo diesel do ônibus escorreu no asfalto e chegou ao caminhão, que pegou fogo. (Colaborou Luciano Cavenagui)



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