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Lula garante nos EUA que Brasil não oferece riscos
23/06/2004 | 23:46
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Foi um dia de garantias, promessas e afagos aos Estados Unidos por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nas quatro conversas que teve nesta quarta-feira com grandes investidores norte-americanos, em Nova York, o presidente assegurou que o Brasil não oferece riscos, mas oportunidades e, ao contrário de outras vezes, chegou a elogiar os EUA, arrancando aplausos da platéia.

"Se tem uma coisa que admiro no americano é a defesa que ele faz do americano. É a dureza com que os americanos sentam à mesa para negociar. Sentam numa mesa com a disposição de ganhar, de fazer o melhor para seu país, para sua empresa e seu povo. Ao invés de reclamarmos que os negociadores americanos são duros, nós é que temos de deixar de ser moles e passar a jogar no mesmo nível", afirmou Lula, logo depois de participar de um almoço com investidores no elegante Hotel Waldorf Astoria.

O presidente disse que Brasil e Estados Unidos enfrentaram intrigas internas por causa das negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Mas afirmou que hoje os dois países discutem "de forma mais avançada". Em várias ocasiões, o presidente destacou que sua peregrinação por vários países visa a "mostrar a nova cara do Brasil" ao mundo e atrair investimentos.

Depois de namorar a América do Sul, a Índia, o Oriente Médio e a China, chegou a vez dos Estados Unidos, atualmente responsável por 25% do comércio internacional do Brasil. São US$ 20 bilhões por ano de exportações. "Em se tratando de negociações comerciais, não existem amigos", insistiu.

Pouco antes, na abertura do seminário Encontro de Alto Nível com Investidores, organizado pelo governo brasileiro, Lula disse que não está preocupado com eleições nem age em função desse tema.

Diante de uma platéia formada por 600 empresários norte-americanos, mexicanos e canadenses, o presidente afirmou que seu governo prefere até mesmo crescer menos a embarcar numa aventura ou fazer balão de ensaio. "Nós não pensamos o Brasil eleitoralmente. Pensamos o Brasil para 20 ou 30 anos", avisou Lula. "Preferimos crescer menos, mas de forma sustentada."

Lula afirmou que foi com "muito sacrifício" que o governo resolveu assumir a responsabilidade de pagar um preço para dar ao Brasil a oportunidade de não ter apenas "uma bolha de crescimento em ano eleitoral". "Queremos provar que é possível o Brasil ter um crescimento sustentado e contínuo e, ao mesmo tempo, uma política social mais ousada. Assumimos a responsabilidade de, até dezembro de 2006, atender a uma transferência de renda a 11 milhões de famílias que estão abaixo da linha de pobreza, totalizando 44 milhões de pessoas", disse.

Descontraído, o presidente provocou risadas dos homens sisudos e engravatados ao dizer que nunca entendeu por que o Brasil foi um dia posto na relação dos países de alto risco. "Não temos vulcão, maremoto, terremoto nem guerra com ninguém. Temos um governo amplamente transparente. No lugar do Brasil deveria aparecer uma bandeira branca", brincou. Nem mesmo o comentário sobre guerra irritou os americanos. Lula foi aplaudido de pé.




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