Depois que três dos integrantes da coalizao governamental apoiaram um projeto de lei da oposiçao conservadora sobre eleiçoes antecipadas, semana passada, o líder espiritual do Shas ordenou, nesta terça-feira, que seus quatro ministros abandonassem o governo.

Se for aplicada, a decisao do Shas (terceiro partido do país, com 17 deputados) privaria Barak de sua maioria parlamentar e de sua capacidade de governar.

O momento é especialmente inoportuno, pois coincide com a celebraçao, em Washington, de negociaçoes israelense-palestinas e com o início, após a morte do presidente sírio Hafez al-Assad, de uma nova era com um difícil vizinho árabe.

Desta forma, em uma tentativa de salvar a coalizao, Barak sublinhou que a porta das negociaçoes com o Shas continua aberta. ``O partido ainda nao se foi, continua dialogando conosco', disse o primeiro-ministro à rádio pública israelense. ``Se tivesse ido, eu lamentaria e nao fecho a porta para eles', acrescentou Barak.

``O Shas conhece nosso ponto de vista. Existem propostas muito generosas, que permitiriam a soluçao de todos os problemas (...) se o partido deseja continuar no governo, é possível', disse Barak.

O chefe do Shas, o ministro de Trabalho e Assuntos Sociais, Eli Yishai, nao compareceu nesta quarta-feira a uma reuniao do gabinete dedicada às perspectivas de paz com a Síria. Mas, deu a entender que seu partido poderia mudar de opiniao se, nos próximos dias, conseguir fundos para cobrir as dívidas do seu sistema de escolas e assistência social, praticamente falido devido a uma gestao duvidosa.

``Nunca me senti bem nesta coalizao, aceitei a idéia de encontrar-me na oposiçao (...) a menos que o premiê venha a nós e responda a todas as nossas exigências sem condiçoes', disse Yishai à rádio pública.

Já o responsável do partido de oposiçao conservador Likud, Ariel Sharon, empreendeu sua campanha ontem com um encontro com seu líder espiritual, Ovadia Yossef, para formar uma aliança visando a possíveis eleiçoes antecipadas. ``Eu substituirei Barak, ganharei dele nas eleiçoes', disse Sharon, nesta quarta-feira.

Em meio à crise, a opiniao pública israelense parece estar farta. Uma pesquisa publicada nesta terça-feira afirmava que os eleitores preferem uma coalizao de esquerda limitada, sem o Shas.