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Filtros reduzem em 70% fuligem despejada no ar
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
13/04/2006 | 08:58
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Testes realizados em 60 ônibus da ETCD (Empresa de Transporte Coletivo de Diadema) ao longo de 2005 apontam que houve redução de 70% na emissão de materiais particulados (fuligem) na atmosfera. A variação ocorreu em relação ao total identificado há um ano, antes da instalação de filtros nos escapamentos dos veículos movidos a diesel. O resultado dos estudos foi apresentado quarta-feira durante reunião do Comar (Comitê Metropolitano de Ar Limpo), na Secretaria de Meio Ambiente do município. A iniciativa integra o Proar (Programa de Controle de Qualidade do Ar de Diadema).

Os particulados de carbono têm como agregados tóxicos o enxofre e metais pesados. O PM 2,5 (particulado de 2,5 microns) é apontado como o vilão entre os demais, pois é considerado altamente cancerígeno. “É o que mais preocupa porque, por ser mais leve, entra com mais facilidade nas vias respiratórias e se aloja nos pulmões”, disse o secretário de Meio Ambiente, Marco Antônio Mroz.

A Prefeitura vai apresentar o resultado dos testes à Viação Imigrantes – permissionária que atua no município – juntamente com uma sugestão para que também instale os filtros em sua frota, com cerca de 130 ônibus. “Quando iniciamos os estudos, comunicamos a empresa e houve interesse. Vamos conversar novamente.” Procurada pela reportagem, a empresa não se manifestou.

O município vai sugerir ainda que o Consórcio Intermunicipal ou o Comar defendam a criação de lei estadual específica estabelecendo às empresas de transporte coletivo da Região Metropolitana da Grande São Paulo parâmetros de emissão de materiais particulados. “A melhoria da qualidade do ar na Grande São Paulo depende de todos os municípios, não apenas da iniciativa de uma ou duas cidades”, avalia Mroz. O secretário criticou a ausência de representantes de cidades como Osasco e Guarulhos no encontro.

Os testes de medição dos poluentes, monitorados pelo LPAE (Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental) do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, foram feitos dentro da garagem da ETCD. Três situações foram testadas: com todos os ônibus da frota sem os retentores, com metade da frota com os retentores e toda a frota utilizando o equipamento. Cada etapa durou uma semana e o filtro do aparelho coletor do LPAE era recolhido a cada 24 horas para as avaliações.

De acordo com o físico e representante da Sabertec LLC Controle Ambiental – empresa que desenvolveu o equipamento –, Paulo Roberto da Conceição, não é possível reduzir em 100% a emissão dos particulados, o que poderia comprometer o desempenho dos motores. “Se ainda não temos nada que impeça a descarga de particulados no ambiente e podemos conseguir uma redução de 70%, é um excelente resultado.”

A Sabertec trabalhou durante quatro anos no desenvolvimento do filtro. A empresa aguarda a homologação (certificação da qualidade) do equipamento na Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). O processo dura em média dois anos.

O filtro contém uma manta feita em aço inoxidável e é bobinado (envolto) em alumínio. “Essa manta é responsável pela retenção das partículas poluentes”, explica Conceição. O equipamento custa em torno de R$ 250 e tem vida útil de cerca de dois anos. A limpeza deve ser feita a cada 10 mil quilômetros.



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