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Em meio a risco de surto, região inicia vacinação contra o sarampo

Diadema registrou um caso positivo em janeiro e dois estão sob investigação; Estado de São Paulo confirma duas ocorrências e 25 suspeitas

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
19/04/2022 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


A campanha de vacinação contra o sarampo – doença que tinha sido erradicada no Brasil em 2016 e que reapareceu dois anos depois – começou no início deste mês no País para profissionais de saúde. A medida tem como finalidade conter novo surto da doença, já que diversas regiões registram pacientes infectados. Apenas no Estado de São Paulo, são dois casos confirmados, sendo um na Capital e outro em São Vicente, no Litoral, além de 25 suspeitos. Apesar de não constar nas estatísticas, a Prefeitura de Diadema informou que a cidade registrou um caso em janeiro e outros dois estão sob investigação. 

Diante do cenário preocupante, as cidades do Grande ABC já aplicam a vacina contra o sarampo em profissionais de saúde e se preparam para ministrar os imunizantes no público infantil a partir da próxima semana, com exceção de Diadema, que se antecipou ao PEI (Plano Estadual de Imunização) e começou ontem a aplicar as doses em crianças de 0 a 4 anos. A vacina está disponível nas 19 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da cidade e, segundo o Paço, a meta é proteger 95% das 25,6 mil crianças desta faixa etária. 

Santo André e Ribeirão Pires devem seguir o calendário estadual e irão iniciar a imunização no público infantil dia 30 de abril. Em São Bernardo a campanha terá início a partir do dia 2 de maio, em crianças de 6 meses a menores de 5 anos. São Caetano, Mauá e Rio Grande da Serra não responderam à demanda do Diário< sobre o calendário de vacinação nas crianças. 

No ano passado o Grande ABC registrou dois dos nove casos confirmados em todo o Estado – um em Ribeirão Pires e outro em São Bernardo. Em Santo André houve três suspeitas de sarampo, mas todas foram descartadas. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, as vacinas contra o sarampo (tríplice viral), tuberculose (BCG), HPV, pentavalente e hepatite A estão permanentemente disponíveis nos postos conforme calendário nacional de vacinação, definido pelo Ministério da Saúde.

O sarampo é uma doença infectocontagiosa causada pelo Morbillivirus, cujo contágio ocorre por meio de secreções respiratórias, transmitidas pela tosse, fala ou ar, conforme explica Carolina Polido, coordenadora do curso de enfermagem da Faculdade Estácio. Ela reforça que os principais sintomas da doença são: febre, mal-estar, coriza, tosse e até conjuntivite, além das conhecidas manchas vermelhas que podem aparecer pelo corpo. “Pneumonia bacteriana, otite, laringite e laringotraqueite são possíveis complicações do sarampo. A única prevenção conhecida é a vacinação”, reforça a coordenadora, que ainda relembra a baixa adesão da imunização contra o sarampo nos últimos dois anos. “É importante frisar que não foi só a vacinação contra o sarampo que ficou abaixo nesse período, mas também a cobertura vacinal de outras doenças, como Influenza, por exemplo. Houve mobilização de toda a rede de saúde para conter a pandemia e os esforços estavam voltados para fabricação e aplicação da vacina contra a Covid-19”, finalizou.

As médicas Juliana Farias e Mônica Forrester, da clínica de vacinação Amo Vacinas, alertam para os perigos da enfermidade. “O sarampo é uma doença respiratória com um poder de propagação muito grande dentro da coletividade, por isso o risco de surto. O público adulto também precisa estar com as vacinas em dia porque é um indivíduo que se expõe diariamente e pode ser um possível transmissor para crianças, mulheres grávidas, idosos, pessoas com doença autoimune ou imunossupressora. Doenças infecciosas não são apenas comuns em crianças, todos podem adoecer e transmitir. A prevenção é por meio da vacinação”, declaram as especialistas.

ECA obriga responsáveis a imunizar público infantil

O direito a vacinação infantil é assegurado pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que ainda prevê que as crianças devem ser vacinadas quando há recomendação das autoridades sanitárias. O descumprimento do calendário de imunização pode resultar na cobrança de multa de três a 20 salários mínimos e também considerado negligência dos responsáveis, conforme esclarece o advogado Antônio Carlos Morad.

“As sanções cabíveis aos pais que não seguirem essa norma são definidas no artigo 129 do estatuto e incluem diversas medidas que serão decidas pelo promotor da infância e juventude, sendo primeiro aplicada uma advertência e podendo chegar as mais severas como perda da guarda e destituição da tutela”, pontua o advogado. 

INFLUENZA E SARAMPO

O calendário vacinal deste ano, apresentado pelo Ministério da Saúde, foi divido em duas etapas: de 4 a 30 de abril está prevista a imunização contra Influenza em idosos com 60 anos ou mais e trabalhadores da saúde – que também devem atualizar a caderneta de vacinação caso não tenham recebido o imunizante contra o sarampo. Na segunda etapa, de 2 de maio a 3 de junho, as doses contra sarampo serão aplicadas em crianças de 6 meses e menores de 5 anos, gestantes e puérperas, povos indígenas, pessoas com comorbidades, entre outros grupos. 

Segundo o ministério, o público infantil deve tomar uma dose de cada imunizante, e não há nenhuma contraindicação em receber as vacinas contra a gripe e o sarampo de forma simultânea. “Com o público vacinado, conteremos a circulação dos vírus no País e, assim, reduziremos as complicações decorrentes das doenças, como a sobrecarga dos serviços de saúde, internações e óbitos”, declarou a pasta. 




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