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Brasil supera meta e recicla 99% das latas de alumínio

Resultado se deve em boa parte à ação de catadores que recolhem materiais pelas ruas das cidades em todo o País

Heitor Santos
17/04/2022 | 06:05
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Will Cavagnolli/Divulgação


O índice de reciclagem de latas de alumínio para bebidas foi de 98,7% em 2021, o maior já registrado até hoje no País. O resultado consta em documento entregue ao Ministério do Meio Ambiente em 31 de março, contemplando o trabalho realizado pela Abal (Associação Brasileira do Alumínio) e pela Abrelatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio). De um total de 33,4 bilhões de latas de alumínio comercializadas no mercado interno, 33 bilhões foram recicladas.

O expressivo resultado representa um crescimento de 1,4 ponto porcentual em relação ao patamar de 2020, confirmando o Brasil entre os países campeões mundiais na coleta e reciclagem desse tipo de embalagem.
Além disso, o índice supera os 95% estabelecidos no Termo de Compromisso de Latas firmado pela indústria junto ao Ministério do Meio Ambiente, em 2020.

“Há mais de dez anos o índice de reciclagem de latas de alumínio se encontra em patamares superiores a 96%. O Brasil é benchmark (referência) no setor para o mundo, graças aos esforços e investimentos da indústria do alumínio na modernização do setor e de ampliação dos centros de coleta e reciclagem”, destaca Janaina Donas, presidente-executiva da Abal.

Segundo ela, o sucesso da reciclagem de latas é resultado de um ecossistema de logística reversa sólido e estruturado de ponta a ponta. Hoje, por exemplo, o Brasil possui 36 centros de coleta de sucata distribuídos por 18 Estados.

“Além dos impactos positivos no âmbito socioambiental proporcionados em matéria de gestão de recursos e redução de emissões, a manutenção do alto índice de reciclagem deve-se, em grande parte, a uma cadeia estruturada e sólida, a partir da cooperação mútua entre empresas, sociedade e cooperativas de catadores”, diz Alfredo Veiga, coordenador do comitê de mercado de reciclagem da Abal.

PERSONAGENS

Parte do bom resultado se deve ao trabalho de centenas de pessoas que atuam como catadores de reciclagem pelas ruas das cidades, principalmente nos grandes centros.

Com o objetivo de chamar atenção para o importante trabalho feito por eles, o movimento Pimp My Carroça realizou no fim de março a 26ª edição do Pimp My Carroça em Circuito. Com uma programação especial voltada a esses verdadeiros agentes ambientais, no Centro Esportivo Eder Simões Barbosa, em São Bernardo. Durante o evento, catadores e catadoras da cidade tiveram suas carroças reformadas e pintadas por artistas e grafiteiros da cidade convidados pelo projeto e receberam também itens de segurança, como capa de chuva, luvas emborrachadas, roupas refletivas, dentre outros.

A ação voluntária é um gesto de empatia e também de investimento em profissionais informais, catadores e catadoras, que sofrem com a crise agravada pela pandemia da Covid-19.
Ivonete (não informou o sobrenome), empreendedora e catadora de materiais recicláveis, estava desempregada e encontrou na reciclagem uma solução para sua renda. “Eu achei o projeto muito incentivador para os carroceiros. Dá um suporte, uma ferramenta para ele conseguir executar seu trabalho com dignidade”, afirma.

Por conta da pandemia, a ação aconteceu de portas fechadas, sem a presença de público, seguindo todos os protocolos de segurança contra a Covid-19. Além disso, a grade de programação foi adaptada: conteúdos educativos e de orientações à saúde no formato digital foram enviados via WhatsApp aos catadores participantes desta edição do evento.

A Basf, que tem unidade na cidade, patrocionou o evento. “Apoiar a promoção de projetos sociais e ambientais, como o Pimp My Carroça, é uma maneira de contribuir para que os profissionais da reciclagem saiam da invisibilidade, conquistem o aumento de suas remunerações e firmem a importância social e ambiental que carregam. O projeto está alinhado a um dos focos do nosso investimento social, que é a educação ambiental e proteção de recursos naturais e da biodiversidade”, comenta Ricardo Gazmenga, diretor de tintas decorativas da Basf para América do Sul.

Mika, uma das artistas voluntárias , acredita que o projeto faz uma reflexão sobre a importância da reciclagem. “O objetivo de pintar uma carroça é justamente levar uma mensagem através dos catadores, que desempenham um papel que todos deveriam desempenhar: reciclar, levar esses materiais para um ponto de coleta, para que sejam reaproveitados e colaborar com o planeta”, afirma.

AUXÍLIOS

Durante a ação, foram distribuídos kits de segurança para catadores, artistas e equipe, kits de prevenção à Covid-19, com máscaras PFF2 e álcool em gel e um vale-alimentação no valor de R$ 80 para livre utilização em supermercados.

“Para mim é gratificante ter essa profissão. Porque eu limpo a cidade e dessa limpeza eu tiro minha renda. Eu agradeço muito a Deus por essas pessoas que estão arrumando minha carroça que é meu meio de sustento. Agradeço muito por essa oportunidade. Porque é com a reciclagem que eu sustento minha família”, conta Francisco Luciano, um dos catadores beneficiados pelo projeto.

A ação é uma iniciativa do Pimp My Carroça, movimento que visa criar visibilidade social e remuneração mais justa para catadores e catadoras de materiais recicláveis. da Redação
 




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