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Doria visa Presidência após renunciar em São Paulo

Governador ameaçou ficar no cargo para forçar PSDB a reconhecer resultado das prévias

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
01/04/2022 | 07:59
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Divulgação/Pablo Jacob


Após impasse que quase implodiu internamente o PSDB, o governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou, na tarde de ontem, que deverá ser mesmo candidato a presidente da República. O tucano fez o anúncio em seminário municipalista que ocorreu no Palácio dos Bandeirantes e reuniu 619 prefeitos.

Dessa forma, com a decisão de seguir como pré-candidato a presidente, João Doria abriu caminho para Rodrigo Garcia (PSDB), que tomou posse como mandatário do Palácio dos Bandeirantes ainda ontem e deverá buscar reeleição na disputa em outubro. A decisão do ex-governador veio em meio a inúmeras especulações sobre se seguiria ou não como pré-candidato a presidente.

“Quero dizer que serei, sim, candidato à Presidência do País pelo PSDB. Vamos vencer o populismo, a maldade, a adversidade, a corrupção”, afirmou Doria ao fim de seu discurso. Um pouco antes, o tucano disse que o trabalho no Estado continua, mas “pelas mãos” de Rodrigo Garcia. “Daqui para frente nosso trabalho continua nas mãos experientes de Rodrigo Garcia e que deverá ser reeleito como governador do Estado”, disse.

Logo pela manhã, a notícia de que Doria abandonaria a disputa eleitoral e que se manteria governador sacudiu o cenário político nacional. Desde as primeiras horas, aliados do agora ex-governador tentaram demovê-lo da decisão. Rodrigo Garcia, um dos que seriam mais impactados pela decisão de Doria, não teria escondido a insatisfação. Garcia se juntou ao PSDB ainda no ano passado para disputar a eleição como candidato ao governo de São Paulo. Momentos antes do anúncio de Doria, o núcleo mais próximo conseguiu fazer com que o tucano se mantivesse no plano inicial.

Dessa forma, Doria retoma ao principal objetivo que traçou após ser eleito governador e também ser avalizado por disputa interna do partido para ser o candidato ao Palácio do Planalto, quando venceu o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Desde o resultado da disputa interna, Leite sustentou que iria respeitar o resultado, mas não foi isso o que aconteceu. Junto de outros tucanos, principalmente do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), Leite começou a sabotar o projeto de Doria, que passou a se sentir abandonado.

Ainda no fim da tarde, após se lançar como candidato a presidente, João Doria revelou que o impasse sobre deixar a corrida presidencial e até mesmo o PSDB foi planejado. O tucano afirmou que o vaivém de informações foi primordial para que recebesse o que queria: o apoio explícito do PSDB.

O presidente nacional do partido, Bruno Araújo, divulgou de manhã nota reafirmando que a vaga é de Doria. “Ficou claro através dessa carta que não houve golpe, não há nenhuma forma de você negar a existência das prévias e do resultado das prévias”, disse o agora ex-governador. 

Prefeitos da região veem como natural o ex-governador disputar a presidente

Dois dos quatro prefeitos tucanos que comandam municípios do Grande ABC classificaram como “natural” a candidatura do agora ex-governador João Doria (PSDB) ao Palácio do Planalto.

Para Paulo Serra, que administra Santo André, a decisão de Doria vai ao encontro das avaliações de outras agremiações que integram a aliança de forças capitaneada pelo PSDB. “Estes partidos têm compromisso de apresentar alternativa a esta polarização que vive o País”, disse o tucano, referindo-se à disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual, Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de voto.

“Vejo a decisão (de Doria) com muita naturalidade”, disse Paulo Serra. O prefeito de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira, vê a candidatura do ex-governador como “algo positivo” para o partido e também para o Brasil, já que há a possibilidade de uma nova opção de voto. “Doria precisava dar um choque em alguns nomes do PSDB e ele conseguiu fazer isso. Ele atuou com estratégia e surpreendeu a todos.”

Já o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, disse que Doria “realizou bom trabalho à frente do governo do Estado” e que a atuação deverá ser mantida por Rodrigo Garcia (PSDB), o vice alçado ao posto de titular. Prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior não foi localizado pela equipe do Diário




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