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Família: amor e liberdade
Dom Pedro Cipollini
15/08/2021 | 07:24
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Neste mês de agosto comemora-se a Semana da Família, e ficamos pensando se ainda é possível olhar com serenidade e simpatia este grupo de pessoas, que estabelece relações tão íntimas e dependentes.

Na Igreja, a Semana da Família tem como tema A Alegria do Amor na Família. De uma maneira ou outra todos temos família. Viemos de uma família, por mais pequena que seja.

Em sua obra, Era dos Extremos, sobre o século XX, o historiador inglês Eric Hobsbawm escreve que “as instituições mais severamente solapadas pelo novo individualismo foram a família e as igrejas organizadas no Ocidente”. Podemos constatar que a causa mais profunda desta crise da família é o individualismo.

Hoje, as pessoas prezam, sobretudo, a liberdade, compreendida erroneamente como independência de tudo e de todos. O sujeito com sua liberdade ‘ilimitada’, o indivíduo livre! É esta a nova utopia, ou seja, o desejo-projeto de felicidade, que cada um alimenta para si. Não depender de nada e de ninguém numa autonomia total: eis o ideal! Será que isso é possível ao ser humano?

Este projeto individualista proposto como meio de vida feliz é ilusório. São muitos os condicionamentos sociais e mecanismos que regem de forma invisível a sociedade, de tal modo imperceptíveis, que criam a ilusão de que é possível uma vida independente de tudo e de todos. Basta pensar no ‘sorria, você está sendo filmado’, cada vez mais presente em tantos lugares.

A realidade não está constituída de indivíduos autossuficientes, que estabelecem relações sociais somente de acordo com sua vontade, determinando sozinhos e por própria conta, com plena autonomia, todos os aspectos da vida. Percebemos que deve haver contrato em qualquer sociedade, nelas os relacionamentos têm prazo para terminar. E os vínculos contratuais são funcionais.

A família, no entanto, não é uma mera sociedade, é uma ‘comunidade’. A família é comunidade porque não se baseia na ficção de uma autossuficiência ilusória, mas se funda na busca conjunta da autorrealização, no amor entre as pessoas.

Nenhum ser humano é uma ilha. Por mais que as novelas da TV mostrem, às vezes, a família de forma depreciativa, quase todas terminam em um belo casamento. Casamento no qual se retorna à utopia verdadeira, que é a união das pessoas para, juntas, buscarem a autorrealização, a qual não está no individualismo, no sujeito egoísta fechado sobre si mesmo, mas no amor que se comunica e gera vida. No amor que realmente liberta. Na prática, a verdadeira liberdade não está separada do amor.

A família é invenção de Deus, como relata a Bíblia; é o ‘santuário da vida’. Mais que nunca devemos admitir que o futuro da humanidade passa pela família, pois todo ser humano pode encontrar na família uma força que o retire do mal para o restituir ao bem.

Reverenciemos, conservemos, consagremos a família, berço da sociedade civil organizada para o bem de todos!  




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