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Projeto leva tratamento de esgoto a vila de São Bernardo

Iniciativas estão em fase de testes e devem beneficiar diretamente cerca de 120 pessoas até o fim do ano

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
10/06/2021 | 00:01
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André Henriques/ DGABC


Parceira entre o Instituto Iguá e a Associação Biosaneamento está implementando sistemas piloto de coleta e tratamento de esgoto na comunidade Vila Moraes, em São Bernardo, próximo à divisa com Diadema. No local, que é um loteamento irregular em área pública, as 458 famílias contam com abastecimento regular de água encanada há menos de cinco anos e o esgoto ainda é despejado em fossas, e até bem pouco tempo corria a céu aberto.

Na comunidade há cerca de dois anos, a iniciativa já instalou quatro sistemas diferentes, sendo três biodigestores com produção de biogás (e algumas diferenças técnicas entre si) e um sistema que funciona por eletricidade, instalado em parceria com a empresa Tigre. A principal vantagem dos projetos é usar um espaço pequeno e ter um índice bastante elevado do tratamento dos efluentes. Até o momento, as iniciativas beneficiam de forma direta 12 famílias, cerca de 50 pessoas, mas, indiretamente, toda a comunidade com seus 1.830 moradores.

Presidente da Associação Biosaneamento, Luiz Fazio vem atuando há anos em diversas iniciativas que têm como objetivo a universalização do saneamento. A parceria com o Instituto Iguá, braço social da Iguá Saneamento, empresa privada do setor, tem como objetivo, além de apresentar solução para coleta e tratamento de esgoto na localidade, desenvolver projetos que possam ser replicados em outros locais.

Por enquanto, quatro residências estão conectadas em cada um dos três sistemas. Em dois deles já está sendo planejada a captação do gás para uso doméstico. Até o fim do ano será construído um grande biodigestor, em terreno do Centro Cultural Afro Brasileiro Solano Trindade, que vai operacionalizar o sistema e usar o biogás nas suas instalações e atividades junto à comunidade. A expectativa é que o projeto seja concluído até dezembro e beneficie diretamente 120 pessoas, com capacidade de expansão para tratar o esgoto de até 70 residências.

Além dos sistemas, a Biosaneamento apoiou a implementação de uma pequena rede de afastamento para o esgoto que corria a céu aberto. “A colaboração deles (Biosaneamento) foi fundamental para que a gente pudesse fazer isso”, explicou o morador da comunidade Rodrigo Melchiades dos Santos, 43 anos, que é um dos muitos integrantes do bairro que foram contratados e remunerados para a implementação dos sistemas. “Contratamos as pessoas da comunidade, compramos os materiais e a alimentação no comércio da região. A ideia é envolver a todos”, explicou o presidente da Biosaneamento, Luiz Fazio.

Para a diretora-presidente do Instituto Iguá, Renata Ruggiero, iniciativas como a que está em desenvolvimento na Vila Moraes devem ser pensadas como complementares aos sistemas convencionais de coleta e tratamento de esgoto, por possibilitar o acesso em comunidades mais afastadas ou onde não é possível a construção de grandes redes coletoras. “Não existe uma receita de bolo. Em cada situação vai haver um modelo mais adequado”, completou.

O Instituto Iguá tenta conseguir apoio de outros parceiros para expandir o projeto na Vila Moraes, além de manter fundo com outros co-patrocinadores que vai distribuir R$ 2,5 milhões em investimentos para iniciativas de solução em água e saneamento para três organizações. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) tem conhecimento do projeto, mas, até o momento, não se envolveu de nenhuma forma. A área é alvo de uma disputa judicial, pois desde 2003 a Prefeitura de São Bernardo pede a desocupação do local.

Os moradores defendem a regularização e o caso já está no STF (Supremo Tribunal Federal), com dois pareceres favoráveis à manutenção das famílias e urbanização da área. O presidente da Sociedade dos Amigos da Vila Morais, Tarcísio Leonardo, 48, explicou que já existe projeto, feito por arquiteta voluntária, para que a urbanização transforme a localidade em uma comunidade ecológica. “Isso que a Biosaneamento está desenvolvendo aqui pode ajudar muitas comunidades”, afirmou Leonardo. 




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