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Dois pacientes com Covid-19 morrem na fila à espera de UTI

Doentes estavam em UPA de Ribeirão aguardando vaga no sistema do Estado; cidades têm outras 79 pessoas nestas condições

Anderson Fattori
10/03/2021 | 00:54
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Duas pessoas que estavam na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) à espera de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para tratar a Covid morreram em Ribeirão Pires. A Prefeitura confirmou ontem que o primeiro óbito – um homem de 81 anos – aconteceu no dia 1º de março, e o segundo – uma mulher de 60 anos –, no domingo. Segundo o Paço, os dois pacientes estavam cadastrados na Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde), sistema do governo do Estado que busca vagas em hospitais da região, mas não resistiram.

Ontem, de acordo com as prefeituras, mais 79 pessoas estavam na mesma situação, em leitos provisórios à espera de vagas de UTI pela Cross, sendo 37 em São Bernardo, 17 em Diadema, 17 em Mauá, seis em Rio Grande da Serra e duas em Ribeirão Pires.

Isso acontece porque os sistemas municipais de saúde estão saturados. Em Santo André, a Prefeitura suspendeu ontem cirurgias eletivas depois que a ocupação dos leitos de UTI das unidades públicas e privadas chegou a 92,5%. A cidade não informa a quantidade de vagas de emergência sob responsabilidade municipal, mas, de acordo com o boletim emitido ontem, são 162 pacientes internados em UTIs da cidade e outros 161 nos hospitais particulares.

Em São Bernardo, das 151 vagas de emergência em hospitais municipais, 131 estavam ocupadas ontem (86,7%). Na rede particular, 94% estão preenchidas. A situação fez com que o prefeito Orlando Morando (PSDB) desabafasse nas redes sociais. “Estamos no limite de nossa capacidade de ocupação. Corremos o risco de entrar em colapso nesta semana. Pedimos ajuda de todos para que só procurem atendimento médico em caso de extrema urgência e não saiam de casa”, disse o tucano.

São Caetano, que abriu dez leitos de UTI domingo, tem a situação mais confortável, com 62% das 50 vagas de emergências públicas ocupadas, mas, em uma semana a cidade viu aumentar de 61 para 69 o número de internados para tratar a Covid em UTIs ou enfermarias.

Em Diadema, o Paço informa que 94% dos leitos públicos estão ocupados, sendo que não há vagas disponíveis na emergência, composta por 18 leitos. Situação similar à de Mauá, que tem 98% dos leitos de UTI do Hospital Nardini ocupados, ou seja, restam apenas duas das 30 vagas disponíveis.

Em Ribeirão Pires, onde aconteceram as duas mortes, todos os 17 leitos de emergência estão preenchidos. Ontem, o prefeito Clóvis Volpi (PL) gravou vídeo contundente nas redes sociais. “Ribeirão Pires entrou em colapso, ou seja, não temos mais condições de manter pessoas contaminadas com Covid dentro das UPAs, não temos mais vagas em nosso hospital de campanha. O Grande ABC inteiro está totalmente tomado em suas UTIs, tanto na rede pública quanto na rede privada. Estamos vivendo um momento extremamente grave”, comentou.

Rio Grande da Serra não possui leitos de internação, mas a Prefeitura informou que tem seis pessoas na UPA aguardando vaga na Cross.  




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