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Mesmo de alta, pacientes sentem efeitos da Covid

Nos casos mais graves, quando o doente precisa de entubação, doença pode gerar sequelas, como fibrose pulmonar

Por Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
27/07/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


“Lembro pouca coisa do meu tratamento, mas ainda sinto os efeitos da Covid-19 no meu corpo”. É assim que Ricardo Dell Nero da Silva, 48 anos, morador da Vila Suíça, em Santo André, se recorda do tempo em que passou internado para combater o novo coronavírus. O autônomo ficou oito dias entubado e 12 na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ainda hoje, quase 30 dias depois da alta, os reflexos do tratamento aparece em forma de dor muscular.

No dia 14 de junho, Ricardo começou a ter sintomas da Covid-19. Procurou a USF (Unidade de Saúde da Família) Jardim Cipreste e foi transferido para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Jardim Santo André. De lá, pela gravidade do seu estado de saúde, foi levado para o hospital de campanha no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia, em 15 de junho. Seu pulmão já estava comprometido em 75% e, logo, foi entubado. 

“Durante os oito dias em que fiquei entubado, houve complicações e me transferiram para a Santa Casa (Centro Hospitalar Municipal). Quando me tiraram da entubação, fiquei ainda sem entender muita coisa e com a cabeça confusa, mas fui voltando aos poucos”, detalha Ricardo. 

O autônomo recebeu alta do hospital no dia 30 de junho, mas algumas sequelas permanecem. Depois de quase um mês da recuperação em casa, Ricardo ainda sente os efeitos do novo coronavírus. “Tenho dores em todo meu corpo do lado direito. Por causa da entubação, de ficar muito tempo deitado, as dores ficaram intensas de um lado só. Conversei com o médico e tomo anti-inflamatório para isso. Nada grave, mas ficou como sequela. Meu pulmão também não está 100% ainda e acho que nunca ficará, por isso, aos poucos, estou retomando minhas atividades, ainda com muito cansaço e fadiga”, detalha. 

O professor do curso de enfermagem da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Horácio Camargo de Souza Silva avalia que pela Covid-19 ser doença nova e ter poucos estudos definidos sobre os danos que ela pode acarretar, os profissionais observam as sequelas conforme a recuperação de cada paciente. “Uma questão comum, de pacientes pós-UTI, é a fadiga e a perda de massa muscular, relacionados à sedação, justamente pelo paciente não praticar nenhuma atividade ativa. A fadiga e o cansaço são reações direta a estes tratamentos.”

Outro aspecto que Camargo aponta é a fibrose pulmonar. “É uma ferida, uma cicatriz no pulmão. O paciente acaba perdendo a capacidade total do pulmão. Essa cicatriz acaba sendo permanente, infelizmente, mas, aos poucos, o paciente retoma a suas atividades diárias normalmente”, destaca. 

“Agora estou retornando ao trabalho. Mas aos poucos. Ainda em home office e me adaptar com o pós-Covid, que marcou uma parte da minha vida. Mas agradeço imensamente toda equipe médica que esteve ao meu lado e, claro, minha família”, finaliza Ricardo

Pacientes só se recuperam após um mês, avalia especialista

Diante das dúvidas da Covid-19, a pneumologista e professora do curso de Medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Mônica Lapa acredita que, em média, os pacientes se recuperam dos sintomas após 30 dias. 

“Pelo que observamos, a média inicial é de um mês. Claro que depende de cada paciente e, principalmente, da gravidade. Os que tiveram sintomas leves e se recuperaram, as sequelas são menores”, ressalta.

Os enfermos que ficaram na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), além de lesões pulmonares, podem apresentar apendicite e trombose no pulmão. “Infelizmente, estas sequelas não sabemos por quanto tempo vão durar. Por isso, orientamos repetir tomografia de um a três meses para verificar o comprometimento do pulmão”, analisa. “Para quem ficou internado, é muito importante o acompanhamento de fisioterapia respiratória.”

Ter bons hábitos também é importante, segundo Mônica. “Se manter hidratado com muita água e uma alimentação saudável e, principalmente, comer proteínas, ajuda na recuperação do paciente que ficou internado”, finaliza.</CS></CW> 




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