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Minimercados têm tendência de expansão no Grande ABC

Em comparação com o ano passado, região ganhou 16 estabelecimentos do tipo

Yara Ferraz
15/12/2019 | 07:23
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Denis Maciel/DGABC


Não é difícil para quem caminha pelas ruas do Grande ABC encontrar minimercados ou versões de menor porte de grandes redes. Por conta, principalmente da praticidade, o modelo acabou despontando como o segmento supermercadista que registrou o maior número de aberturas na região neste ano. E a tendência é a de que, em 2020, esse movimento continue ascendente.

De acordo com dados da Apas (Associação Paulista de Supermercados), o Grande ABC possui atualmente 208 supermercados e hipermercados e 517 minimercados, sendo que, no ano passado, eram 204 e 501, respectivamente (veja mais informações sobre o setor na arte abaixo). Todo o segmento emprega 47,2 mil trabalhadores, crescimento de 200 postos de trabalho em relação a 2018 (leia mais abaixo).

De acordo com o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, é importante destacar que, apesar da desaceleração da construção civil nos últimos anos, a região passou por grande expansão imobiliária. “É só ver o numero de prédios e famílias que possuímos. Isso aumenta a demanda por serviços de mercados e esse minimercado atende parte da sociedade atual, que trabalha fora a semana inteira”, afirmou, destacando que este tipo de estabelecimento também possui um serviço mais personalizado na comparação com mercados de maior porte.

Para o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, a questão da conveniência também é um dos principais motivos para o crescimento do segmento. “Temos percebido que, cada vez mais, aumenta o número de mercados de pequenos porte em shoppings da região. Isso acontece por causa da conveniência, a pessoa vai no shopping e aproveita para fazer uma compra rápida, mesmo que não seja a despesa do mês. O consumidor tem criado o hábito de comprar algo que estava faltando em casa, por exemplo. Tanto que a maioria deles é aberta em vias muito movimentadas ou em bairros, nunca em lugar ermo. É uma adaptação do ritmo de vida que temos nesse momento”, disse.

Moradora do Parque Real, em Diadema, Rosineide Fernandes, 62 anos, afirmou que opta pelo modelo por conta da proximidade. “Costumo comprar em minimercados porque estão mais perto de casa. Às vezes preciso comprar poucas coisas, como cebola, alho, algum tempero. Mas para fazer a compra do mês, o supermercado maior é melhor por causa das variedades e, por conta disso, pode ser que eu economize mais”, disse ela.

Para o economista da Apas Thiago Berka, embora os atacarejos tenham despontado na crise, fazendo com que o consumidor se habituasse a frequentá-los – o que antes era ambiente quase que exclusivo de pequenos comerciantes ou grandes famílias –, conforme o poder de compra vai se recompondo, a tendência é a de que comecem a buscar por praticidade e conforto. “Vivemos a era dos nichos. Pessoas que antes iam em apenas um supermercado hoje fracionam as compras do mês em até três modalidades, principalmente as que têm de 25 a 40 anos.”

OUTROS MOTIVOS

Além da praticidade, outras questões também podem ter ajudado na popularização dos minimercados na região. Entre elas está a disseminação do uso de aplicativos de entrega, já que em muitos é possível pedir as compras em casa, sendo que os supermercados disponíveis costumam ser as versões express.
Outro ponto, explicado até mesmo pela disponibilidade de produtos, que inclui variedade de pratos congelados e de fácil preparo, são os consumidores que moram sozinhos. “Temos uma mudança no perfil da sociedade, com o aumento no número de pessoas que moram sozinhas. O Grande ABC é uma região mais barata do que São Paulo, então pode ser atrativa. Além disso, temos um padrão hoje que permite que uma família com poucos filhos busque demanda de mais qualidade, e não somente por preços”, observou Maskio.
(Colaborou Soraia Abreu Pedrozo) 

Modelo é destaque nas grandes redes do segmento

O GPA (Grupo Pão de Açúcar) possui 22 estabelecimentos do tipo na região e destaca que o intuito das lojas é atender às demandas do dia a dia do consumidor, que busca cada vez mais praticidade e agilidade nas compras, em locais próximos do trabalho ou residência. 

Para o ano que vem, o grupo planeja a abertura de 50 estabelecimentos do tipo, com foco no Estado, sem dar mais informações sobre as cidades. 

Na região, dos 22 estabelecimentos, nove estão em Santo André, sete em São Bernardo, quatro em São Caetano, uma loja em Diadema e uma em Mauá. 

De acordo com o GPA, o Grande ABC é estratégico para o negócio. “Isso porque as cidades da região reúnem consumidores dos diferentes públicos-alvo das duas redes”, informou.

O Mini Extra está presente em bairros verticalizados, com grande presença de famílias das classes B e C. Com foco nesses clientes, as unidades da bandeira se destacam pelo sortimento de bebidas, snacks, laticínios e produtos usados no preparo de lanches rápidos, como pães e frios.

Já as lojas Minuto Pão de Açúcar estão presentes em bairros com maior presença de famílias das classes A e B, e se destacam por ofertar vinhos, cervejas especiais, queijos, pães e alimentos saudáveis. Em ambas as redes é possível encontrar itens para reposição rápida da despensa.

O GPA destacou que foi a primeira grande rede varejista a investir em lojas de proximidade no Brasil, lá em 2008. O conceito é que as unidades sejam menores do que um supermercado e totalmente dedicadas à demanda do bairro ou da região onde estão. Os locais contam com mix de produtos adaptados e selecionados especialmente para atender às necessidades mais imediatas e de reposição, diz a rede. 

Supermercados empregam 47,2 mil em toda a região

De acordo com os dados da Apas (Associação Paulista de Supermercados), o setor emprega 47,2 mil colaboradores no setor no Grande ABC. Em relação a 2018, isso representa um acréscimo de 200 postos de trabalho, no saldo de empregos (contratações menos demissões).

Considerando apenas a previsão de abertura de dez minimercados em 2020, os estabelecimentos podem gerar até 150 novos empregos. Isso porque cada estabelecimento gera de dez a 15 postos, número inferior ao de uma loja de maior porte, que pode empregar 140 pessoas em uma loja, a exemplo de unidade da Coop inaugurada em maio deste ano na Vila Homero Thon.

CRISE

Apesar do investimento das grandes redes, de olho no fato de que, mesmo em tempos difíceis os consumidores não deixam de ir ao mercado, o coordenador do curso de administração do Instituo Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, afirma que o aumento de estabelecimentos pode ter relação com a crise. “A abertura de mercadinho de bairro, um comércio pequeno, se torna oportunidade que pode ter sido buscada pelas pessoas que perderam o emprego durante a crise econômica e buscaram alternativas de trabalho.”

Para o especialista, a geração de empregos é interessante, mas ainda demanda qualificação menor do que a indústria, assim como remunera menores salários. “Mesmo com a indústria pagando salários abaixo da média, ainda são maiores do que o setor supermercadista. E, neste momento, nós precisamos gerar emprego com mais qualidade. Hoje, vejo com muita preocupação essa situação, já que o Grande ABC sempre foi um polo industrial, e agora temos criação maior de postos em comércio e serviços”, avaliou.




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