Setecidades Titulo Exame Nacional do Ensino Médio
Primeira etapa do
Enem surpreende

Diferentemente do esperado, prova cobrou conteúdos relacionados aos direitos humanos e redação abordou a democratização do acesso ao cinema

Por Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
04/11/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 O primeiro dia do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) trouxe surpresa aos candidatos, tendo em vista que as questões abordaram temas ligados aos direitos humanos e a redação propôs discussão a respeito do acesso da população ao cinema. Na etapa de ontem, os estudantes responderam provas sobre linguagens, códigos e suas tecnologias, redação, ciências humanas e suas tecnologias.

Entre as 90 questões, foram abordados assuntos como violência contra a mulher, racismo, refugiados, escravidão e discursos de ódio nas redes sociais – a temática LGBT, criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) na edição passada, ficou de fora. “Alguns dos medos que tínhamos em relação a conteúdos deixarem de estar presentes na prova por causa da nova formulação de governo acabaram não se confirmando”, observou o gerente pedagógico do Descomplica e professor de geografia e atualidades Cláudio Hansen.

Estudante e corretora de turismo, Ruth Araújo, 33 anos, considera que as questões alternativas do exame cobraram temas da atualidade. “As questões foram sobre redes sociais, racismo e violência contra a mulher, temas que não estudamos na escola e sim nos dias de hoje”, avalia. Ela pretende cursar psicologia em 2020 em universidade pública por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). “Sobre a redação, sabia que ia ser uma surpresa, mas não imaginava que seria isso”, detalha sobre o tema Democratização do Acesso ao Cinema no Brasil.

Para o estudante Alessandro Cardoso, 21, que cursa fisioterapia e optou por prestar o exame para testar seus conhecimentos, a prova foi difícil. “(As questões) Foram bem elaboradas e complexas de se fazer. Acreditava que a redação seria relacionada à saúde.” Segundo a professora de redação do Colégio Objetivo, Maria Aparecida Custódio, além das técnicas de dissertação, era necessário estar atualizado para o debate proposto na redação. “Sempre trabalhamos em aula sobre o cinema na cultura das pessoas, sobre quantas pessoas não vão ao cinema, por exemplo”, comenta. 

A especialista ainda ressalta que os candidatos podiam seguir a dissertação na linha da tecnologia. “O cinema físico e também o fato de assistir a filmes em casa, por meio de banda larga, eram opções. Além disso, os alunos também podiam pontuar a restrição do acesso aos cinemas”, finaliza. Ao todo, 60.733 moradores do Grande ABC se inscreveram para o exame, que seleciona alunos para universidades federais em todo Brasil. Balanço do Ministério da Educação apontou que 24% dos candidatos não compareceram ao exame – 1,2 milhão dos 5,1 milhões de inscritos em todo o País.

Em 2018, o índice foi de 24,9%. Além disso, conforme o ministro Abraham Weintraub, 376 pessoas foram eliminadas devido ao descumprimento das regras do edital.O segundo dia de prova está marcado para o próximo domingo. No dia 13, será publicado o gabarito e os cadernos de questões para conferência dos candidatos. Em janeiro serão publicados os resultados individuais, ainda sem data definida. (com Estadão Conteúdo)

Falta de atenção prejudica candidatos

O primeiro dia do Enem também registrou correria e choro em portas de faculdades e colégios da região. A dificuldade em chegar e encontrar os locais de realização do exame e problemas com a documentação foram pontuados pelos candidatos.

Conforme o Diário acompanhou, alguns candidatos só perceberam que estavam no local errado quando chegaram até a sala de aula. Com isso, precisaram de auxílio para chegar ao destino correto em tempo. Esse foi o caso da estudante Letícia Garcia, 18 anos, que precisou correr do prédio da Fafil (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras) da FSA (Fundação Santo André) para o do Colégio Fundação, às 12h56, quatro minutos antes do fechamento dos portões. “Não acredito que me perdi assim. Me planejei muito”, conta antes de entrar para realização da prova.

Já em relação aos problemas com a documentação, muitos candidatos acharam que poderiam acessar o exame com a cópia do RG, o que não é permitido. É preciso documento original com foto para realizar a prova. “Trouxe a xerox do meu documento e achei que não teria problema, mas não me deixaram fazer (a prova)”, lamenta a estudante Jéssica Luana, 19. “Agora só no ano que vem. Estou muito triste”, completa.

Já a estudante Rayanne Souza, 17, acredita que tenha perdido o RG no caminho até o centro universitário. “O fiscal pediu meu documento na sala de aula. Foi quando me dei conta de que não estava na bolsa. Estou decepcionada comigo mesma.” 

Foto com proposta da redação vazou minutos após início da avaliação

Minutos após o início do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2019 já circulava nas redes sociais a imagem da página com a proposta da redação. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão responsável pela aplicação da prova, confirmou que a imagem é real, mas disse que o vazamento não prejudicou o andamento do exame. 

“Todos os participantes já tinham passado pelos procedimentos de segurança e estavam nos locais de prova”, disse o órgão, em nota. “Os órgãos competentes foram acionados pelo Inep para identificar a origem e o responsável pela divulgação da imagem”, completa. 

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, informou que o responsável pelo vazamento já foi identificado e que o episódio teve “impacto zero” no Enem. Conforme ele, é possível que um dos aplicadores da prova tenha cometido o ato. “O que a gente vai fazer é escangalhar ao máximo a vida dele”, destacou. A Polícia Federal deve apresentar a identidade da pessoa nos próximos dias. (das Agências)




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