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Pai de Emile quer conversar com seqüestradores
Artur Rodrigues
Especial para o Diário
27/10/2004 | 09:11
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"Quero falar com os assassinos da minha filha porque preciso entender como seres humanos puderam fazer uma coisa dessas." A frase é do comerciante Nilson Soares Souza, 40 anos, pai de Emile Perez Souza, 10 anos, morta cruelmente após ser seqüestrada no último dia 3.

Souza diz que a família está "muito abalada", mas que já perdoou os criminosos. "É o que a palavra tem nos ensinado. Se não houver o perdão, não estamos seguindo Cristo", disse ao Diário.

Apesar do anúncio da conclusão das investigações pela polícia, o pai da menina afirma ainda não acreditar na participação do lavrador aposentado Mário Antônio de Godoy, 75 anos, no crime. O Velho, como é conhecido pelo bando que seqüestrou Emile, chegou a freqüentar a mesma igreja que Souza e a família. "Pelas minhas avaliações, não vejo o que poderia levá-lo a se envolver em um crime destes", argumenta o pai de Emile. Segundo os envolvidos no crime, Godoy foi o responsável pela vigilância do cativeiro e também o homem que recrutou todos os membros da quadrilha. Ele teria conhecimento com todos os rapazes pelo fato de manter com eles relacionamentos homosexuais.

Revolta - Se o pai da vítima perdoou os criminosos, a população da cidade não. "Isso é um absurdo. Eles têm que ficar o resto da vida na cadeia", disse o estudante André Carlos Silva, 20 anos, que não conhecia Emile. A empregado doméstica Celina Gonçalves, 28 anos, afirma ter conhecido a menina por meio dos jornais. Nem por isso está menos revoltada. "Isso não é atitude de gente."

Já os vizinhos de Emile parecem querer esquecer o assunto. "A gente até evita comentar sobre o caso. Nunca passou pela nossa cabeça que isso pudesse acontecer", disse um morador da rua de Emile, que preferiu não se identificar.

Maurílio Ribeiro, conhecido como Gavião, é o coveiro do Cemitério São Sebastião, onde Emile foi enterrada. Ele quem serve de guia para as várias visitas diárias ao túmulo da menina. "Não são parentes dela, talvez nunca a tivessem visto. Mas vêm aqui e eu os levo até lá. Não deixam flores, olham e vão embora", conta.

No local onde Emile foi enterrada, não há uma lápide com inscrições ou sequer seu nome. Apenas Gavião pode apontá-lo. "É aquele com o número 85. Dizem que vão construir uma lápide. Nos seis anos em que trabalho aqui, foi o pior crime que já vi."




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