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Alegria para aprender

Projeto leva a figura do palhaço para a sala de aula e, por meio do erro, estimula o conhecimento

Por Flávia Fernandes
Especial para o Diário
25/03/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Respeitável público, a aula começou! A antiga expressão utilizada no contexto circense, agora pode ser integrada ao ambiente escolar, por meio do programa Palhaço Aprende – criado em 2013 e que tem como objetivo inserir o personagem na sala de aula. O intuito é otimizar o aprendizado dos estudantes, garante o idealizador da ação, professor Varlei Xavier Nogueira, 39 anos, morador de Mauá e coordenador de projetos e programas do Centro Educacional Solaris, em Santo André.

Na iniciativa, o palhaço vai à sala de aula uma vez por semana e interage no ambiente, apresentando erros que podem ser respondidos pelos próprios estudantes. “O palhaço não vai à escola fazer uma apresentação, ele senta e vivencia a atividade como aluno. Isso faz com que o aprendizado se torne mais interessante, pois quando a criança explica o erro do palhaço, ela fortalece o aprendizado. É preciso desconstruir essa cultura de que errar é feio. Em sala de aula, o erro é fundamental para o conhecimento”, considera Nogueira.

O idealizador é formado em letras e em teatro. Já trabalhou como inspetor de alunos, além de professor de português, inglês e teatro. No programa que criou em 2013, ele é o palhaço Campônio. O docente conta ainda com a ajuda da mulher, Roberta Conde, 31, que realiza o trabalho no Colégio Iemano, em Diadema. As educadoras e atrizes Carol Tello, 26, Anna Ediene, 20, e Gabrielle Jinga,19, também fazem parte do projeto e atuam como palhaças.

Nogueira recorda que aos 7 anos foi marcado por uma aula em que tinha de responder cálculo matemático na lousa e não soube a resposta. “Lembro da professora arrancar o giz da minha mão e corrigir minha conta com brutalidade. Depois disso, não consegui mais aprender a disciplina.” Após o episódio, ele cresceu com o desejo de mudar essa realidade, mas foi apenas em 2006, já no exercício da profissão de professor, que pensou na possibilidade de inserir a figura do palhaço na escola.

A mantenedora e coordenadora da Escola Solaris, Juliana Peres, 31, conta que é possível notar os benefícios do programa no desenvolvimento dos estudantes. “Os alunos ficam mais seguros e desinibidos. Eles sabem que não serão julgados se errarem e também aprendem a ouvir o erro do colega sem apontamentos. Isso é muito importante no desenvolvimento cognitivo e de personalidade das crianças.”

Segundo Nogueira, a intenção é que haja cada dia mais expansão do trabalho. “Ainda estamos analisando e debatendo meios para realizar isso, mas o meu objetivo é o de que o programa Palhaço Aprende chegue às escolas públicas.” O projeto é financiado pelas duas escolas onde está implementado, em Santo André e Diadema, e aplicado nas turmas do primeiro ciclo do ensino fundamental (1º ao 5º ano). O projeto é divulgado por meio das redes sociais e está aberto a novas propostas das escolas da região.

O educador terá a oportunidade de compartilhar o projeto na edição Campinas da TEDx, em 6 de abril, conferência internacional anual criada para a divulgação de iniciativas “que merecem ser espalhadas”. O evento já contou com palestras de Bill Gates e Michelle Obama, por exemplo. 




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