Política Titulo Com auge da crise
Grande ABC gasta R$ 180 mi a mais em Saúde

Estudo da FNP indica alta de 7,72% no custeio da rede pública, passando de R$ 2,32 bi para R$ 2,5 bi, no mesmo período em que receita cresceu pouco

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
07/11/2017 | 07:00
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A Saúde pública demandou mais recurso do Grande ABC entre 2015 e 2016, auge da crise econômica nacional. Levantamento feito pela FNP (Frente Nacional de Prefeitos) divulgado ontem mostra que cinco das sete cidades da região precisaram desembolsar R$ 179,4 milhões a mais para custear o setor, o que representa uma evolução de 7,72% em 12 meses.

Para efeito de comparação, a receita cresceu 4,39% somando os valores das prefeituras de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá (o estudo não contabiliza Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), passando de R$ 8,68 milhões em 2015 para R$ 9,07 milhões. O índice está abaixo da inflação do período, mensurada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que foi de 7,3%.

Em 2015, o Grande ABC destinou R$ 2,32 bilhões para a Saúde pública e, no ano seguinte, o montante chegou a R$ 2,5 bilhões. Foi justamente neste período que prefeitos e secretários da Pasta da antiga legislatura passaram a detectar aumento da demanda pelo sistema municipal, uma vez que a explosão do desemprego ocasionou migração de pacientes de planos privados de Saúde para a rede pública.

A cidade que registrou maior alta para custear a Saúde foi Santo André. Em 2015, o governo do então prefeito Carlos Grana (PT) precisou destinar R$ 462,4 milhões para área e, no ano seguinte, o valor pulou para R$ 529,2 milhões – ou seja, 14,45% a mais. Em Mauá o acréscimo foi de 10,14% (R$ 264,3 milhões para R$ 291,1 milhões) e, em Diadema, a alta foi de 9,58% (R$ 339,1 milhões para R$ 371,5 milhões).

As três cidades têm enfrentado problemas para custear o sistema público de Saúde. Em Santo André, a atual secretária, Ana Paula Peña Dias, lançou programa de reformulação de unidades de Saúde que, na prática, resultou no fechamento de sete postos simultaneamente, o que tem gerado críticas da população. Em Mauá, que tem a FUABC (Fundação do ABC) como principal parceira, também há relatos de crise no setor, bem como em Diadema, que tem enfrentado problemas para pagar fornecedores e prestadores de serviços.

Presidente da FNP, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), admitiu que as administrações municipais enfrentam dificuldades em manter serviços de zeladoria justamente pelo aumento da demanda nos gastos sociais, como Saúde. “Hoje existe uma grande dificuldade das prefeituras em manter a zeladoria por causa da demanda dos gastos sociais”, disse o socialista, durante a apresentação do estudo. “Reforma tributária é urgente para garantir autonomia administrativa aos municípios. É preciso descomplicar.”

INVESTIMENTO
A soma da crise nas finanças com aumento da demanda por serviços públicos fez recuar o volume de investimentos em Santo André e em São Bernardo. A Prefeitura andreense registrou queda de 8,77% neste quesito (passando de R$ 185 milhões para R$ 168,8 milhões), enquanto o governo são-bernardense recuou 17,1% (R$ 497,6 milhões para R$ 412,5 milhões).

Diadema e Mauá aumentaram o volume de investimentos em 2016, ano eleitoral – o Executivo diademense avançou 101% entre 2015 e 2016 e o Paço mauaense saltou 113,4%. 




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