Média de 56 veículos foram roubados ou furtados por dia no primeiro semestre deste ano entre as sete cidades. Conforme números da SSP (Secretaria de Segurança Pública), o Grande ABC registrou 5.545 roubos e 4.818 furtos de veículo no período.

Os números são superiores aos observados no mesmo período de 2015: os roubos aumentaram em 4,17% e os furtos em 6,90%. A cidade com o maior número de registros é Santo André, com 1.665 roubos e 1.609 furtos de veículos. O Diário considerou dados semestrais desde 2011. Neste caso, houve queda de 9,31% em relação aos roubos e alta de 25,47% nos casos de furto. (veja mais informações na arte acima).

Conforme o ex-coronel da PM (Polícia Militar) e ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, os dados ilustram o despreparo das forças policiais para conter as ocorrências. “A polícia tem que diagnosticar qualquer tipo de crime. Se está havendo ineficiência nesse processo, tem que mudar as estratégias. Hoje em dia, o objeto mais roubado é um celular, que o ladrão enfia no bolso e leva. Agora, um carro pesa 1.200 quilos. Não é tão difícil fazer o acompanhamento do local para onde estão indo esses veículos”, afirmou.

Na visão de Silva Filho, para que os números caiam, é necessário planejamento a longo prazo, unindo as polícias Civil e Militar. “Deve ser feito plano integrado das duas corporações, depois de identificar todas as características dos crimes e realizar novas estratégias. Precisa verificar com os responsáveis o treinamento e o efetivo. Tem que ser preparada uma resposta e identificar se esse número está aumentando. O planejamento não está funcionando na região”, criticou.

POPULAÇÃO

Quem passou por esse tipo de ocorrência, não esquece o trauma. A recepcionista de Diadema Elizabeth Dias Boff, 35 anos, já foi vítima das duas situações nos últimos quatro anos. Ela teve o carro furtado há dois anos e sua moto roubada há quatro. “Meu carro foi furtado no (bairro)Serraria, quando estava estacionado em frente a empresa em que eu trabalho. Voltei na hora do almoço e não estava mais. Quando liguei para a polícia e eles demoraram, resolvi ir atrás sozinha, porque o veículo tinha alarme. Achei três ruas acima”. Ela precisou esperar por viatura da PM por três horas para ser levada até a delegacia e registrar a ocorrência.

No caso da moto, Elizabeth revela que o bem material foi levado por cinco homens, enquanto a moradora de Diadema estava na Avenida Dom Pedro I, no bairro Conceição. “A impressão que fica é a de descaso por parte da polícia. Até hoje minha moto não apareceu e, se meu carro não tivesse alarme, também não estaria comigo”, desabafou.

Já a microempresária Ana Paula Pinheiro Medeiros, 33, revela que passou por situação semelhante no bairro Jaçatuba, em Santo André, no dia 22 de junho. Ela estava com o filho pequeno no veículo da família, quando foi surpreendida por dois homens a pé, que simulavam estar com uma arma. “O carro foi encontrado, mas deu perda total. Quebraram tudo, depenaram por dentro, levaram DVD de fábrica, estepe, extintor e triângulo. A roda esquerda dianteira estava totalmente fora do lugar, o carro não andava”, revoltou-se.

PM justifica que número de veículos nas ruas aumentou

Questionada sobre o assunto, a Polícia Militar assumiu que os números absolutos aumentaram e justificou que as ocorrências diminuem se comparadas aos carros emplacados no Grande ABC.

Segundo a corporação, entre 2001 e 2015, houve aumento de 118%, passando de 772.609 veículos em 2001, para 1.684.446 veículos em 2015. “A somatória de furtos e roubos, no mesmo período, caiu em cerca de 30% (passando de 28.260 casos em 2001, para 19.666 em 2015)”, disse em nota. Conforme dados do Detran SP (Departamento de Trânsito do Estado de São Paulo), eram 1.764.051 veículos em março de 2015.

A PM afirmou que promove o aumento na quantidade de ações e operações para o combate desses crimes, e também a adequação dessas ações, para que sejam desenvolvidas com ênfase aos dias, horários e locais de maior incidência.