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Região despeja 101 toneladas de esgoto por dia
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
23/06/2008 | 07:15
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Os corpos d'água do Grande ABC recebem, por dia, cerca de 101,1 toneladas de esgoto, segundo dados fornecidos pelas prefeituras e pelas companhias de saneamento que atuam na região. O volume representa 73,3% do total de resíduos produzidos pela região não encaminhados a estações de tratamento.

Os destinos principais da água poluída são a Represa Billings e o Rio Tamanduateí, que, sem proteção, absorvem a carga poluidora em detrimento à produção de água.

Diadema e Mauá são os municípios que mais colaboram, proporcionalmente, para o índice regional, com baixas taxas de tratamento. Diadema trata 13% do que coleta enquanto Mauá cuida apenas de 3% do esgoto produzido pela cidade.

Em volume, São Bernardo e Santo André lideram o ranking. Juntas, as duas cidades mais populosas do Grande ABC enviam à natureza 54,1 toneladas de esgoto por dia, mais da metade do total da região. Os números, quando comparados aos da Capital, tornam-se ainda mais preocupantes.

Em São Paulo, o percentual de resíduos que chega aos rios Pinheiros, Tietê e Tamanduateí, além das represas Billings e Guarapiranga, é de 68% da carga produzida diariamente, mesmo com uma população quatro vezes maior do que a da região. Para se ter uma idéia, o Grande ABC soma 2,5 milhões de habitantes enquanto São Paulo tem 11 milhões.

Para o especialista em recursos hídricos Maurício Waldaman a situação pode ser considerada crítica.

"É espantoso saber que se trata apenas 26,7% do esgoto da região. O Grande ABC é uma área com imensos recursos naturais que devem ser preservados. Não somente a Billings deve ser protegida, mas o reservatório do Rio Claro e o Ribeirão da Estiva, que produzem água."

Impacto - O impacto é medido segundo a capacidade de recepção do corpo d'água. Os reservatórios maiores, como a Represa Billings, ainda têm alto poder de recuperação - em função do volume do manancial -, mas essa possibilidade precisa ser utilizada em menor escala.

"Já está muito comprometida (a Represa Billings), perdeu cerca de 30% da capacidade de armazenar água. O braço do Rio Grande, onde a Sabesp capta água (na altura da Via Anchieta), ainda tem uma folga de qualidade, mas no lado de São Paulo, na divisa com São Bernardo e Diadema, a situação é muito ruim. O sedimento está repleto de metais pesados", afirma o ambientalista Fábio Vital.

Os rios enfrentam um quadro ainda pior. Com menos capacidade de regeneração, funcionam como depósito de esgoto, lixo difuso e cargas industriais.

A solução, segundo o gerente do setor de Águas Interiores da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), Nelson Menegon, está no trabalho conjunto.

"A Cetesb formou um grupo de trabalho para desenvolver metas conjuntas com a Sabesp e outras concessionárias. Em função da capacidade de investimentos, precisamos estabelecer prioridades de ações e cumpri-las", informa Menegon.




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