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Preocupação ambiental reduz custos em empresa
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
27/06/2010 | 07:09
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Divulgação


Há cinco anos surgiu a seguinte questão em meio a uma reunião na Basf - empresa química de São Bernardo: como reduzir a exposição a riscos e ao mesmo tempo minimizar custos e desperdício? Embora a indústria química já se preocupasse nos anos 1990 em evitar a formação de passivo ambiental e consequente multa, não havia ainda o conceito combinado com economia.

Foi em 2005 que, em parceria com a GTZ (agência do governo alemão para a cooperação internacional), foi criada a Fundação Espaço Eco, consultoria que passou a compartilhar com outras empresas tecnologias e soluções aplicadas em ecoeficiência, educação ambiental e reflorestamento.

Dependendo do porte da empresa e de sua adesão às técnicas ecoeficientes, é possível reduzir até 30% do consumo de energia elétrica no mês seguinte ao treinamento realizado pela consultoria.

Em um supermercado, por exemplo, 80% dos gastos provêm da conta de luz. Substituindo a fonte geradora de energia, iluminando melhor o local com telhas translúcidas e vidros e conscientizando seus funcionários sobre o uso racional cria-se ambiente propício para resolver o problema.

"A ferramenta que utilizamos combina os aspectos financeiro, social e ambiental. Disponibilizamos extensa base de dados, com 450 estudos do mundo todo, que permite a comparação do processo de produção de uma empresa daqui com a maior de seu setor de atuação ou com a melhor dos Estados Unidos", conta Sonia Chapman, diretora presidente da Fundação.

Em outras palavras, se um empresário acha que está gastando mais do que deveria para fabricar seu produto, é possível verificar onde está errando e desperdiçando o uso de materiais, energia elétrica ou água.

"Neste caso, a melhor saída é a realização de treinamento com as pessoas responsáveis pelos setores após explorar qual ação contribui mais para onerar seu consumo", explica Sonia.

A Fundação é certificada pelo ISO 9001 e pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) alemão. Por isso, toma frente em alguns projetos cujo solicitante não dispõe de recursos e realiza a interface com padrinhos, que podem ser clientes da empresa ou linha de financiamento a fundo perdido em bancos.

"Se a empresa foca em inovação, o investimento não é fator limitante. Tivemos um caso em que um banco alemão ajudou agricultores a realizar reflorestamento em seu terreno. Cada hectare recuperado ficou em R$ 15 mil", conta.

Inpev já desembolsou R$ 80 mil em estudos
O Inpev (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), representante das indústrias fabricantes e importadoras de agrotóxicos, desembolsou R$ 80 mil para a elaboração de estudo sócio e ecoeficiente realizado pela Fundação Espaço Eco em 2008.

O levantamento, retroativo a 2002, considerou desde a produção do petróleo que faz a embalagem de agrotóxico até seu descarte - assim como os fabricantes de pneus, os produtores de agrotóxicos têm de providenciar unidades de recebimento de recipientes vazios para que recebam destinação correta. Existem 412 unidades ao todo, que são cogeridas pelo Inpev. Hoje, 95% das embalagens são destinadas corretamente pelos agricultores.

Segundo Renata Nishio, coordenadora de Projetos do Inpev, o objetivo do estudo é ampliar a conscientização das pessoas para a importância do descarte correto desses recipientes, tanto pelo lado financeiro como pelo ecológico, já que é possível reutilizá-los por meio da reciclagem. No ano passado, apenas 8% deles não puderam ser reciclados, tendo de ser incinerados.

"Com a iniciativa do recolhimento das embalagens, de 2002 a 2008 deixaram de ser lançados na atmosfera 164 mil toneladas de dióxido de carbono, o que significa, na prática, 374 mil barris de petróleo a menos", explica Renata.

Quanto ao impacto social, em seis anos foram gerados 1.500 empregos diretos ou indiretos pela atuação do Inpev.

A expectativa, segundo a coordenadora, é de que, até 2015, o instituto se torne autossustentável. Ou seja, não dependa de receita externa, como hoje. Nos últimos oito anos foram investidos R$ 380 milhões - mais de 75% desse valor proveio da indústria.




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