Política Titulo Salário de R$ 36 mil
Servidora que ganha mais que prefeito é afastada

Suely Duarte de Matos deixa a mesa diretora e perde direito à função gratificada na Câmara de São Bernardo

Por Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
19/02/2021 | 04:20
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André Henriques/DGABC


Presidente da Câmara de São Bernardo, Estevão Camolesi (PSDB) afastou da mesa diretora a advogada Suely Duarte de Matos, que em janeiro recebeu salário de R$ 36.212,28, quantia superior aos vencimentos do prefeito da cidade, Orlando Morando (PSDB), que tem contracheque de R$ 30.625,77.

A decisão de Camolesi surgiu após o Diário ter mostrado que o valor do salário recebido por Suely, que é procuradora legislativa, por ser maior do que o do chefe do Executivo, desrespeita a Constituição Federal, que impõe como teto do funcionalismo público os ganhos do prefeito.

“Chegamos a essa conclusão e eu a comuniquei (a procuradora Suely Duarte de Matos) de que vamos afastá-la da mesa. Portanto, o salário que ela recebe já cairá e não vou colocar ninguém no lugar, para também não trocar seis por meia dúzia. Vai diminuir, aproximadamente, uns R$ 6.000 do salário dela”, declarou o presidente, que avisou que a decisão passou a valer ontem.

A servidora atua na mesa diretora, como assessora jurídica e, por isso, recebe benefício denominado função gratificada. O bônus foi depositado mesmo com Suely comparecendo apenas uma vez por semana à Câmara – às quartas-feiras, durante as sessões; nos demais dias ela atua em regime de home office por integrar grupo de risco para a Covid-19.

Em sua atribuição de origem, Suely recebe R$ 16.420,37. Mas tem somados adicional por tempo de serviço (R$ 7.987,66) e função gratificada por atuar na mesa (mais R$ 8.210,19), o que atinge R$ 32.609,22 e já ultrapassa o teto legal. Além disso, a servidora conta com abono por permanência, no valor de R$ 3.489,06, que faz o vencimento da procuradora saltar para R$ 36.098,28.

Agora afastada da mesa, Suely passaria a receber R$ 28.399,03, valor abaixo do que obtém Morando.

Durante a semana, o vereador e primeiro secretário, Fran Silva (PSD), protocolou ofício em que pede que as verbas de representação sejam extintas, principalmente invocando questão “de moralidade”. A verba de representação é adicional de 50% nos contracheques de funcionários que servem à presidência – atualmente 12 colaboradores contam com esse bônus.

O Diário mostrou que, a despeito de discurso de corte de gastos, Camolesi mantém os penduricalhos a uma parte dos servidores. Em janeiro, foram quase R$ 80 mil despendidos em bônus.  




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