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Paço de S.Bernardo tem copas de árvores retiradas

Especialista diz que exemplares foram ‘decaptados’; Santo André sacrifica eucaliptos em praça

Por Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
02/07/2020 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Podas drásticas de árvores na região têm chamado a atenção de moradores do Grande ABC, principalmente em São Bernardo. Envolvida com desmatamento em terreno na Avenida Pereira com a Rua Dorutor Marcel Preotesco, a Prefeitura são-bernardense retirou copas das árvores do Paço, deixando as plantas praticamente sem galhos. Especialista avaliou como “decapitação” a ação e chamou atenção para o prejuízo ambiental. Em Santo André, a Prefeitura retirou alguns eucaliptos da Praça Candido Portinari, no Jardim Ocara, que, segundo a administração, “ameaçavam cair”.

Bióloga e docente dos cursos de saúde da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Marta Angela Marcondes explica que os cortes realizados pela Prefeitura de São Bernardo não podem ser consideradas podas e são “extremamente prejudiciais às espécies vegetais. Não se deve tirar totalmente a copa de uma árvore”, ensina. “(Foram) Decapitações que fizeram com as árvores, interferem diretamente na possibilidade de que a fauna e a avifauna <CF51>(aves deste ambiente)</CF> urbana tenham abrigo, principalmente agora no inverno. Isso é lamentável.”

A especialista explica que, quando se tira a copa, impede-se que a árvore faça o processo de fotossíntese, que é o que nutre a planta. As folhas que estão nas copas são as que fazem o maior volume desta reação.

Apesar do estado em que ficaram as árvores na região do Paço de São Bernardo, Marta diz que ainda há esperança, pois os troncos (caules) em alguns casos podem garantir a nutrição (fotossíntese).

Advogado especialista em direito ambiental, Virgílio Alcides de Farias também questionou a poda realizada em São Bernardo. “A amputação das árvores do Paço tem a omissão e conivência da Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal. É da competência desta secretaria, entre outros, efetuar a fiscalização ambiental, avaliar o impacto e embargar estas podas drásticas”, afirma.

Questionada, a Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria de Serviços Urbanos, informou que “para evitar incidentes, no período de chuvas e de fortes ventanias, realizou poda em árvores exóticas, que já são objeto de estudo para substituição por exemplares nativos da região”. Curioso é que o serviço foi realizado nos últimos dias, justamente no inverno, que naturalmente traz temperaturas mais frias e tempos mais secos. 

Já em Santo André a derrubada dos eucaliptos da Praça Candido Portinari surpreendeu o morador Sérgio Antônio Pioto, 65 anos. “Foram cerca de seis árvores cortadas. Não atrapalhavam em nada, não tinha fiação perto nem cupim”, lamentou o aposentado.

Procurada, a Prefeitura de Santo André informou que na Praça Cândido Portinari foram removidos eucaliptos que não são compatíveis com o ambiente urbano e apresentavam risco de queda. “É padrão da administração fazer estas remoções quando eucaliptos como estes estão em local urbanizado, evitando a ocorrência de algum acidente relacionado à queda da árvore. Reforçamos que, em Santo André, não houve podas drásticas, que removem a copa deixando o tronco, com exceção dos casos em que é constatado por um laudo técnico algum problema fitossanitário”, explicou a administração, em nota.

Ciclone mata 11 no Sul e derruba árvores na região

Assim como boa parte do Sul e Sudeste do Brasil, o Grande ABC também sentiu os efeitos de um ciclone bomba, que até o fechamento desta edição havia matado 11 pessoas e deixou rastro de destruição no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Dez pessoas perderam a vida em cidades catarinense e uma em território gaúcho. 

Na região, a forte ventania, principalmente durante a madrugada de ontem, derrubou árvores. Santo André, São Bernardo e Ribeirão Pires registraram três quedas cada uma. Em São Caetano, onde os ventos chegaram a 67 Km/h, houve duas quedas de árvores. Parte do revestimento do reservatório de água gelada que abastece o ar-condicionado do Atrium Shopping, em Santo André, se desprendeu, mas ninguém ficou ferido. 

Mas os maiores estragos foram sentidos nas cidades do Sul do Brasil, nas quais os ventos chegaram a 120 km/h, o equivalente a furacão de categoria 1 na escala Saffir-Simpson. Rajadas de até 90 km/h ainda são esperadas hoje nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. 

Em Santa Catarina, foram registradas mortes em Tijucas (três), Chapecó (uma), Santo Amaro da Imperatriz (uma), Governador Celso Ramos (uma), Ilhota (uma), Itaiópolis (uma), Rio dos Cedros (uma) e Brusque (uma).

O ciclone bomba que está passando pelo Sul do País ocorre quando cai rapidamente a pressão atmosférica no centro do ciclone. A meteorologista Estael Sias, da Metisul, explica que “quanto mais baixa a pressão atmosférica numa determinada área, mais tem elevação de ar e nuvens carregadas”. 

O fenômeno acontece, geralmente, associado a contraste de temperatura. Há poucos dias, houve calor histórico no Sul e agora há incursão de potente massa de ar polar, ressalta Estael. O evento é comum no inverno do Norte da Europa e no Nordeste dos Estados Unidos, onde recebe o nome de Nor’Easter.

Após o susto, a previsão para hoje no Grande ABC é de ventos não tão fortes, porém, com baixas temperaturas. Os termômetros não devem passar os 18ºC, e as mínimas serão na casa dos 10ºC, com céu predominantemente nublado e possibilidade de chuva a qualquer momento




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