São Paulo recebe amanhã exposição que traz à tona importante período da fotografia brasileira. A primeira metade do século 20 tem registro precioso feito por Julio, Luciano e Gilberto Ferrez - os dois primeiros, filhos, e o último, neto do fotógrafo carioca Marc Ferrez (1843-1923), reconhecido por retratar o Império e início da República no País.
A mostra Família Ferrez: Novas Revelações entra em cartaz na Galeria Olido, depois de passar por Rio, Belo Horizonte e Curitiba. Ocupa dois andares do espaço com 396 imagens. A curadoria é de Júlia Peregrino e Pedro Karp Vasquez.

"A história da fotografia brasileira é forte, mas o passado não é suficiente estudado", afirma Vasquez, ao explicar a pretensão da mostra: "Apresentar esses novos fotógrafos para o público e historiadores".

O material exposto foi pinçado de um universo de 8.000 fotografias. "Não sabíamos o que íamos encontrar, então olhamos tudo pacientemente. Procuramos fazer um recorte com total fidelidade às intenções dos autores", diz o curador.

O que se vê nas imagens é o bom uso da paixão pela fotografia. Com câmera em mãos, os Ferrez se preocuparam em registrar um momento de grandes transformações urbanísticas no Brasil. Rio, São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Bahia estão entre os cenários registrados nesse trabalho voluntário.

"Eles foram entusiastas do progresso e acompanharam tudo o que entendiam como desenvolvimento", comenta o curador. Mas não eram pessoas deslumbradas com as novidades. Também tiveram senso crítico para perceber as atrocidades urbanísticas, como é o caso da destruição do Morro do Castelo, no Rio (fotos de Luciano). "Essas imagens nos ajudam a refletir sobre nosso passado. Eles defendiam a ideia de preservar e expandir, modernizar sem destruir o antigo", afirma.

Alguns destaques de São Paulo são a construção da estrada para Sorocaba (1950) e imagens do centro da Capital (1931), clicadas por Gilberto.

VIAGENS
Outra característica importante dos Ferrez são as viagens. A família era proprietária de salas de cinema no Rio e Luciano e Julio iam com frequência à Europa para realizar negócios. "Naquela época não existia viagens de turismo", explica o curador. Da França e Suíça, além de Senegal e outros países europeus, eles trouxeram informações arquitetônicas e urbanísticas por meio de belas imagens.

Mas o grande viajante foi Gilberto. "Ele seguiu os passos do avô na ‘descoberta' do Brasil", comenta Vasquez, a respeito dos registros feitos em lugares com difícil acesso na época. Além de fotografar, Gilberto doava as imagens ao instituto que cuidava do patrimônio histórico do País.

Família Ferrez: Novas Revelações Exposição fotográfica. Galeria Olido - Avenida São João, 473, São Paulo. Tel.: 3331-8399. Abertura amanhã, para convidados. Visitação, a partir de sexta-feira (26): de terça a sexta, das 12h às 20h30; e sábados, das 13h às 20h. Entrada franca. Até 23 de maio.