Economia Titulo
Indústria do Grande ABC contrata mais em janeiro
Marcelo Moreira
Do Diário do Grande ABC
04/03/2006 | 07:58
Compartilhar notícia


A indústria do Grande ABC voltou a contratar em janeiro, após um péssimo resultado registrado em dezembro de 2005. Acompanhando a tendência registrada pela economia como um todo, o setor industrial da região mostra que está animado com as perspectivas da economia para este ano, com a queda gradual da taxa de juros básica (Selic) e uma ligeira alta do dólar.

Ainda puxada fortemente pelo desempenho da área automotiva, que continua batendo recordes atrás de recordes de vendas e produção, a indústria do Grande ABC registrou 886 novos empregos criados em janeiro deste ano, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MInistério do Trabalho. Assim, reverte com sobras as demissões do mês anterior – 554, no pior desempenho dos últimos três anos.

É bom lembrar, no entanto, que a General Motors, de São Caetano, está abriu dois PDVs (Programas de Demissão Voluntária) no início deste ano para diminuir a ociosidade na área da ferramentaria e para reduzir o pessoal administrativo, atendendo a orientações da matriz norte-americana de redução de custos em todo o mundo.

Na soma de todos os setores econômicos, a região contratou 3.039 pessoas, retomando o ritmo forte de abertura de novos postos de trabalho registrado nos anos de 2004 e 2005.

Preocupação – Entretanto, os resultados do Caged regional de janeiro não podem ser totalmente comemorados. Na indústria, principal motor econômico do Grande ABC, responsável por mais de 80% de seu PIB (Produto Interno Bruto), apesar dos números positivos, a geração de empregos foi 54,5% menor do que em janeiro de 2005.

Somando-se todos os setores econômicos, a queda foi de quase 27%. Ou seja, o fôlego da atividade industrial está sendo retomado, mas em velocidade menor do que o desejável.

Outro termômetro para medir o desempenho da atividade na região é a comparação com as contratações registradas pelas cidades de Campinas, Sorocaba e Guarulhos, que, juntas, têm uma população equivalente à do Grande ABC, 2,5 milhões de habitantes.

As cidades da região passaram quase dois anos registrando a abertura de mais vagas do que as três cidades do Estado de São Paulo somadas. Nos últimos dois meses, a situação se inverteu: Campinas, Guarulhos e Sorocaba criaram 38% mais empregos industriais do que o Grande ABC em janeiro de 2006 – no geral, somando todas as áreas da economia, as sete cidades superaram as rivais em 6,5%.

Ainda é cedo para determinar se o emprego industrial está migrando do Grande ABC para pólos tecnológicos que crescem cada vez mais, como Campinas, Sorocaba e São José dos Campos. Mas está cada vez mais nítido que aquelas cidades estão conseguindo gerar mais empregos de qualidade, com valor agregado, enquanto aumenta, e muito, a oferta de vagas no comércio e serviços do Grande ABC.

Em fevereiro, por exemplo, Carrefour e Sonda anunciaram abertura de novas lojas e centros de distribuição em São Bernardo que somam R$ 160 milhões, com a criação de pelo menos 2 mil novos empregos.

Entretanto, o salário médio pago para funcionários de supermercados e comércio em geral fica entre R$ 700 e R$ 800, enquanto que a indústria metalúrgica oferece salário médio superior a R$ 2,2 mil, principalmente em São Bernardo, Santo André, Diadema e São Caetano.

Essa mudança de perfil regional, no entanto, longe de indicar uma nova vocação econômica, mostra que o aumento do emprego com remuneração mais baixa terá impacto econômico forte na região, embora a indústria ainda seja a grande âncora do desenvolvimento e da economia do Grande ABC.

Decepção – Os números nacionais do Caged, embora ainda positivos, foram decepcionantes no mês de janeiro. A criação de empregos com carteira assinada, apesar de positiva em janeiro, com 86.616 postos de trabalho em todo o país, foi bastante inferior à verificada em janeiro de 2005, quando foram criadas 115.972 vagas. A diminuição de 25,31% pode ser atribuída à indústria de transformação, cuja capacidade de criar emprego formal caiu de 32.844 postos de trabalho em janeiro de 2005 para 19.408 em janeiro passado.

Entre os Estados, São Paulo foi o que registrou o maior volume de novos empregos formais, com um saldo líquido de 47.121 postos de trabalho, ou 54,4% do total.

O ministro Luiz Marinho disse que o desempenho da indústria foi influenciado pelo efeito da taxa básica de juros, a Selic, ainda alta no período. Marinho prevê que o “papel perverso da Selic” afetará o emprego no setor industrial durante todo o primeiro trimestre deste ano. Depois disso, e com a continuidade da queda da taxa básica, deve haver recuperação mais acentuada dos postos de trabalho. “O Banco Central pode acelerar um pouco mais a velocidade da queda dos juros porque a inflação está sob controle”, argumentou.

O comércio foi o único setor que eliminou postos de trabalho em janeiro. Devido à dispensa dos empregados contratados para as atividades do final do ano, 5.211 trabalhadores perderam o emprego. Na divisão geográfica, as regiões que mais criaram emprego em janeiro foram a Sudeste (62.439 postos de trabalho) e a Sul (26.476).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;