Economia Titulo
Brasil é o 14º país que mais cobra impostos no mundo
Soraia Abreu Pedrozo
Diário do Grande ABC
20/12/2010 | 07:13
Compartilhar notícia


No ranking de carga tributária, o Brasil figura como o 14º país que mais cobra impostos no mundo. Em 2008, ele era o 18º. Como a posição na lista é feita com base na divisão da arrecadação de tributos pelo PIB (Produto Interno Bruto), o crescimento econômico influi na posição no topo da lista.

Em 2009, a arrecadação brasileira alcançou R$ 1,88 trilhão, até então montante recorde, e a carga tributária atingiu 34,5% do PIB. Em 2008, foram R$ 1,54 trilhão, correspondente a 34,7% do PIB.

Só estão na frente do Brasil países desenvolvidos. O Chile, nação igualmente latino-americana, para se ter ideia, diminuiu sua carga de 22,5% em 2008 para 18,2% no ano passado.

A lista foi elaborada pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), com base nos dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

A comparação, portanto, envolve muitas nações européias que sofreram fortemente com a crise econômica e acabaram reduzindo sua arrecadação e, consequentemente, baixando sua posição na lista.

São exemplos Espanha e Grécia. A primeira recuou de 33,3% em 2008 para 30,7% no ano passado. E a Grécia passou de 32,6% para 29,4% CF51(ver arte abaixo)/CF.

Alguns poucos países ainda registraram um aumento na carga tributária de 2009 em comparação com a de 2008, dentre eles Luxemburgo (de 35,5% em 2008 para 37,5% em 2009), Suíça (de 29,1% em 2008 para 30,3% em 2009) e Eslovênia (de 37,2% em 2008 para 37,9% em 2009). "Como se percebe, a elevação na carga tributária desses poucos países, em média de 0,5%, foi bem menos expressiva do que a queda no percentual de carga tributária dos demais países, com média de 1,9%", explica a vice-presidente do IBPT, Letícia do Amaral.

Ela explica que, se não tivesse havido a redução da alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) no ano passado, a arrecadação teria sido muito menor e, com certeza, o País teria diminuído de modo mais expressivo sua carga tributária. "No ano que vem, com certeza o Brasil estará entre os 10 primeiros da lista", diz.

O problema, segundo Leticia, não é o alto volume de impostos, que reflete o tamanho da arrecadação, mas o modo com que esses recursos são aplicados. "Embora a carga seja muito alta em alguns países europeus, os serviços públicos têm qualidade, garantindo à sua população saúde, segurança, educação, previdência social, boas estradas, reembolso de medicamentos, auxílio-moradia".

É o caso de nações como Dinamarca (48,20%), Suécia (46,40%), Itália (43,50%), Bélgica (43,20%), que estão no topo do ranking.

"Aqui, ao contrário, predomina a má gestão do dinheiro e o desvio de verba. Em outras palavras, esse dinheiro ou vai para corrupção ou para o custeio da superfaturada folha de salário", desabafa.

De acordo com dados do Portal da Transparência, do governo federal, dos R$ 1,88 trilhão de arrecadação, apenas R$ 18 bilhões foram para a Saúde e R$ 31 bilhões para a Educação. Enquanto que R$ 671 bilhões foram destinados à Secretaria da Fazenda e, R$ 637 bilhões, à Coordenadoria de Controle da Dívida Pública. "São valores muito maiores para setores que nem sabemos direito o que fazem, e para onde vai esse dinheiro todo", afirma Letícia.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;