Política Titulo Editorial
Voo de galinha
Por Da redação
13/03/2015 | 07:00
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Aline Pietri/DGABC


A retomada do emprego na indústria do Grande ABC, registrada em janeiro, foi apenas sonho de uma noite de verão. Infelizmente. A pequena alta no número de carteiras assinadas verificada no primeiro mês de 2015, quando o setor abriu 450 vagas nas sete cidades, veio acompanhada de desalentadora e expressiva onda de cortes. Segundo informações divulgadas ontem pelo sistema Fiesp/Ciesp, fevereiro assinalou a extinção de 1.600 postos nas empresas do segmento na região. Ou seja, o dado positivo dos 31 dias iniciais do ano era exceção e não a regra.

Embora tivessem todo o jeito de ser apenas pequenas ilhas de prosperidade em meio a oceano de notícias ruins, os dados de janeiro trouxeram alguma esperança aos empregados do setor industrial. Depois de um 2014 difícil, criou-se a expectativa de que, afinal, começara a ser avistada a tão aguardada luz no fim do túnel. A confiança, porém, durou pouco. Bem pouco, diga-se. Chegou fevereiro e houve a retomada das demissões.

Somados, os últimos 12 meses viram o número de vagas disponíveis na indústria do Grande ABC recuar em 19,8 mil. E não há nenhuma previsão de que a situação melhore até o fim do ano. Pelo contrário. As 600 demissões da Volkswagen de São Bernardo, por exemplo, pesarão nas estatísticas de março. Especialistas ouvidos pelo Diário disseram que a escalada de juros impede as firmas de manterem investimentos. O reflexo nos departamentos de recursos humanos é imediato.

Em economia, convencionou-se chamar de voo de galinha o avanço feito de modo intermitente. É que o fôlego curto da ave não permite que ela se mantenha muito tempo no ar. Foi o que se viu em janeiro com o emprego na indústria do Grande ABC. Era, todavia, algo efêmero. Para desespero da população das sete cidades, nenhuma águia, pássaro de grande autonomia aérea, pode ser avistada no horizonte próximo. Ao menos, não a olho nu. 




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