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Um estranho guru

Em "O que Keith Richards Faria em Seu Lugar?", a escritora americana Jessica Pallington West mescla humor e autoajuda

Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
04/06/2010 | 07:31
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Uma piada da época da Guerra Fria previa que, se houvessem novos ataques nucleares em escala mundial, apenas três espécies sobreviveriam: baratas, escorpiões e... Keith Richards. Aos 66 anos, o guitarrista dos Rolling Stones colocou a carapaça à prova centenas de vezes. E saiu de todas. Sorriso irônico nos lábios e dedilhado intacto. Para a escritora norte-americana Jessica Pallington West, o inglês ganhou status de guru. E é de maneira bem humorada que ela mescla autoajuda e uma pequena biografia em O que Keith Richards Faria em Seu Lugar? (Editora Fontanar, 264 págs., R$ 35).

A autora, fã antiga dos Stones, bolou espécie de religião baseada em 26 ensinamentos de Richards, reunidos no primeiro capítulo. Falar em keithismo só torna a história toda irônica, já que o músico nunca foi exemplo para ninguém, e, mais importante, nunca quis sê-lo. Levando a leitura a sério ou não, é divertido para os roqueiros que pouco sabem sobre a alma da banda. Uma das partes mais engraçadas é o cruzamento do estilo de vida de Keith com correntes filosóficas.

Apesar de avesso a aceitar autoridades, Richards valoriza as relações familiares e a gentileza. Mas a melhor decisão de Jessica foi não limpar a barra: estão lá as histórias de que ele teria cheirado as cinzas do próprio pai, a estranha relação com o ‘gêmeo do mal' Mick Jagger e todas as outras histórias que tornaram o músico cool. Tão cool a ponto de Johnny Depp tê-lo usado como referência na composição do adorado Jack Sparrow, personagem de Piratas do Caribe.

Trechos

13º Ensinamento de Keith:

Mesmo que tenha que fazer isso em segredo, seja gentil.

"Ajude quem tem menos sorte e é menos afortunado. Não dar a mínima não é o mesmo que ser cruel. Não deixe a imagem de bad boy de Keith enganar você. Essa imagem é bastante romanceada. Ele é um cara secretamente conhecido por sua conduta moral que beira seriamente a caretice. (...)

O carma é um bumerangue. Um ato de gentileza voltou voando como um poderoso bumerangue durante o julgamento - por uso de drogas - de Keith no Canadá.

Havia uma adolescente cega de Toronto que sempre ia aos shows dos Stones, e Keith era quem tomava conta dela, garantindo que fosse levada para casa em segurança. Durante o julgamento, a jovem foi até a casa do juiz, contou-lhe a simples história da gentileza de Keith e assim o livrou da cadeia"

AFIRMAÇÕES PARA O DIA A DIA

ARTE
"Até onde sei, arte é só o apelido de Arthur."

"Eu não acredito em fazer aula. Você só aprende como um velho chato de 30 anos quer que você toque."

AUTOCONHECIMENTO
"Vivi minha vida do meu jeito, e estou aqui porque me dei o trabalho de descobrir quem sou eu."

MEDO
"Medo? Quando era criança, conhecia muito bem o medo. Eu era mirradinho, e todo dia, quando voltava do colégio, não importava o caminho que tomasse, eu apanhava, Foi aí que o expulsei - o medo. Aprendi a apanhar e a acertar um ou outro soco de vez em quando, Isso me ensinou a ser forte."

A MORTE E O ALÉM
"Tive alguns encontros com a velha morte, ela é quase uma amiga minha, na verdade e, se você andar comigo, vai acabar tendo uns encontros com ela também."




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