As eleições das presidências do Senado, com José Sarney, e da Câmara dos Deputados, com Michel Temer, deram nova injeção de ânimo no PMDB, que detém o rótulo de partido de maior representatividade no Brasil. Apesar da ascensão em âmbito nacional, na região a legenda apresenta declínio gradativo e acentuado nos últimos 12 anos.

Em 1996, 17 parlamentares formavam a claque peemedebista nas sete cidades do Grande ABC. O número representava 12,6% das 135 cadeiras disponíveis nas câmaras da região. No pleito seguinte, em 2000, houve queda brusca na quantidade de eleitos pela sigla nos legislativos: foram apenas oito vereadores do PMDB, ou 5,9% das vagas. Mas ainda assim, a sigla continuou presente em todos os municípios.

Já em 2004, o partido acompanhou a redução dos parlamentares determinada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) - a região passou de 135 para 106 vereadores. Naquela eleição, apenas seis candidatos da legenda obtiveram êxito, o que significou 5,66% de atuação. Outra situação negativa constatada na ocasião foi a ausência do PMDB nas câmaras de São Bernardo, Mauá e Rio Grande da Serra.

Na corrida eleitoral do ano passado, nova perda de força, apesar de também eleger seis parlamentares, a exemplo de quatro anos atrás. Entretanto, com a criação de duas vagas nos legislativos de Diadema e São Caetano, o percentual de representatividade da sigla caiu para 5,55%.

Na atual legislatura, o PMDB possui a sétima colocação no ranking de vereadores eleitos no Grande ABC, atrás inclusive de legendas de menor porte. Em primeiro está o PT, com 24 das 108 vagas, em segundo o PSB, com 16, e em terceiro o PSDB, com 15. Juntas, as três agremiações possuem mais da metade das bancadas: 50,9%. O PV, com 11 cadeiras, o PTB, com 10, e o DEM, com sete, são os outros partidos à frente do PMDB.

SUCESSO - Parte da história marcante do PMDB na região ocorreu nas décadas de 1970 e 1980, quando a sigla ainda era denominada MDB. A atuação em São Caetano é um exemplo bensucedido. À época, o peemedebista Raimundo da Cunha Leite foi eleito prefeito (1977 a 1982). Antes, já havia indicado Antônio Russo para vice-prefeito da administração de Oswaldo Samuel Massei (1969 a 1973). A sigla também fez um deputado federal pela cidade: Antônio Russo, na década de 1970.

Uma circunstância positiva mais contemporânea aconteceu em 1992, quando conquistaram o Executivo Valdírio Prisco, em Ribeirão Pires, e Edgar Grecco, em Mauá. De lá para cá, a sigla lançou candidatos ao Paço em apenas seis oportunidades (dois em 1996, dois em 2000 e dois em 2004).

CONTRASTE - A situação observada contrasta com o registrado no País. Atualmente o partido ostenta sete governadores, seis ministros, 20 senadores, 94 deputados federais e 170 estaduais, 1.308 prefeitos, e 8.308 vereadores. Também detém o maior número de filiados no Brasil (mais de 2 milhões de militantes) e no Estado de São Paulo (470 mil), mas nas sete cidades é superado pelo PT (44 mil petistas ante a 32 mil peemedebistas).

A parlamentar de Diadema Cida Ferreira (PMDB) reconhece a presente fragilidade da legenda na região, mas diz que há um movimento de reestruturação. "Vamos reunir os diretórios municipais na semana que vem para determinar novas diretrizes", observa, ao ressaltar que uma das prioridades é atrair a juventude para a política, renovando os quadros partidários.

Já o vereador de São Bernardo Tunico Vieira (PMDB) faz uma análise mais aprofundada sobre o estado debilitado do partido.

"A infidelidade partidária é um problema. Muitos deixam a ideologia de lado para se aliar a legendas que estão no poder. O PMDB está solidificado nacionalmente, mas está afastado do governo do Estado há 15 anos. Isso submete o partido a amarrar acordos regionais como coadjuvante", avalia, destacando que houve evolução na ciade onde milita. "No mandato passado não tínhamos representantes na Câmara; hoje temos dois. Vamos trabalhar para fazermos uma bancada ainda maior em 2012 e avançar politicamente."