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Pai de adolescente que morreu de meningite acusa dois hospitais
Por Paula Nunes
Do Diário do Grande ABC
17/06/2006 | 11:35
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O operador de telemarketing Paulo Roberto Medeiros acusa o Hospital Infantil e Maternidade Márcia Braido, em São Caetano, e o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, de falhas no atendimento médico dado a seu filho Bruno Galves Camargo, 15 anos, que morreu de meningite no dia 6 de junho. Segundo o pai do rapaz, uma série de equívocos no diagnóstico do garoto fez com que a doença demorasse a ser identificada. Mesmo quando o quadro foi definido como meningite bacteriana – uma das mais nocivas –, teria havido demora de quase 24 horas para que o adolescente fosse encaminhado à UTI (Unidade de Terapia Intensiva), onde morreu.

Após reunir as equipes médicas dos dois hospitais públicos ontem, a diretora clínica do Complexo Hospitalar Municipal de São Caetano do Sul, Beatriz Regina Guarini, redigiu nota oficial sobre o caso. No comunicado, a médica afirma que a meningite bacteriana pode ser fatal em torno de 9% das vezes em pacientes menores de 20 anos, mesmo quando recebem tratamento adequado.

O pai, por sua vez, conta que ao dar entrada pela primeira vez no Márcia Braido, dia 31 de maio, seu filho recebeu medicação para tratar uma sinusite e foi dispensado. Dois dias depois, teve convulsões e alterações no estado de consciência, retornando ao hospital. Foi feito então um exame de sangue e uma tomografia cerebral no adolescente, que identificou a sinusite. A partir daí, Bruno ficou em observação aguardando o neurologista durante seis horas. O resultado da coleta sangüínea indicou uma grave infecção e suspeita de leucemia. Para não haver dúvidas, o menino foi submetido a retirada do líquido cérebro-espinhal, exame que identificou a meningite bacteriana. A médica Regina Guarini explica que o procedimento demorou a ser feito porque Bruno não apresentava rigidez na nuca, um dos principais sintomas da enfermidade.

Como o adolescente continuava com muita dor de cabeça, foi transferido no dia 5 para a enfermaria de infectologia do Hospital Mário Covas. No dia seguinte, o adolescente acordou com febre alta, foi medicado e, de acordo com informações de seu pai, não reagia a medicação e caiu em sono profundo. “Avisei a enfermeira e ela me disse que ainda não era o horário dela passar no quarto para ver o paciente”, afirma Paulo Roberto Medeiros. Somente às 17h Bruno foi encaminhado à UTI e faleceu uma hora depois. “Ele não recebeu nem respirador quando mudou de setor. Eu que o encontrei morto após conversar com os médicos”, acusa o pai.

A Secretaria Estadual de Saúde afirma que não houve falhas no atendimento e que não confere a acusação do pai de ter encontrado o filho sem vida no leito da UTI, mas o órgão recusou enviar ao Diário uma resposta oficial. O pai de bruno terá acesso à ficha médica de Bruno no Mário Covas na segunda-feira e então irá decidir se levará o caso ao Conselho de Ética do CRM (Conselho Regional de Medicina).

Saiba mais sobre a doença

A meningite é um processo inflamatório das membranas que envolvem o cérebro e a coluna vertebral: as meninges.

Pode ser causada por vírus, bactérias, fungos e parasitas.

Principais sintomas: febre alta, dor de cabeça intensa e generalizada, dores musculares, vômitos e rigidez na nuca. Nas crianças de até 5 anos, a identificação da enfermidade é mais difícil, pois elas podem não apresentar a rigidez no pescoço. Pode levar a convulções e sono excessivo.

Qualquer suspeita deve ser identificada e tratada imediatamente. Algumas variações da doença, principalmente as bacterianas, levam à morte e podem deixar seqüelas como surdez, comprometimento permanente do estado mental e paralisia.




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