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Tiros e mais tiros nos morros cariocas
Ana Carolina Rodrigues
Enviada ao Rio
19/11/2006 | 19:14
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Se a Band optou por abusar da sensualidade na faixa das 22h com Paixões Proibidas, a Record pretende usar de artilharia pesada para disputar a audiência no mesmo horário. Recheada de cenas e mais cenas de tiroteio nos morros cariocas, Vidas Opostas, dirigida por Alexandre Avancini, estréia nesta terça-feira prometendo suscitar uma série de polêmicas por conta da retratação sem pudor da pulsante vida do crime do Rio de Janeiro e das artimanhas de uma polícia corrupta que alimenta ainda mais a violência nas grandes cidades.

“É uma grande satisfação saber que a Record aceitou bancar uma história ousada e incisiva como essa. Botei nessa trama tudo que aprendi para segurar o telespectador. Vamos mostrar um realismo crítico que há anos não tem mais sido feito no Brasil”, comentou Marcilio Moraes, autor do folhetim, durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro.

“Esse negócio de tiroteio é uma coisa tão comum. Eu moro na Gávea e isso me serviu de inspiração. É um bairro sofisticado, cheio de mansões, mas ali todo dia eu ouço tiroteio da Rocinha. Faz parte, a violência já se incorporou à realidade do Rio de Janeiro e as pessoas ficam fingindo que isso não existe. Essa violência toda, assalto o tempo inteiro. Não vejo medidas concretas sendo tomadas. Se criticarem a novela por mostrar isso, vai ser fácil rebater”, afirmou Moraes defendendo a novela antes mesmo dos comentários sobre os excessos começarem a pipocar pela imprensa.

Mas não é só de tiros que viverá Vidas Opostas. Na história, que contará com um casal de protagonistas pouco conhecido do público, Miguel (Leo Rosa), um rapaz inteligente e rico, se apaixona pela estudante Joana (Maytê Piragibe), uma moça pobre que vive com a família numa favela da Zona Sul carioca. Se já não bastasse o preconceito que esse relacionamento terá de enfrentar por conta das diferenças entre as classes sociais, a história de amor com sabor de conto de fadas não se concretizará de forma simples.

No passado, Joana namorou um colega de escola (Ângelo Paes Leme) que anos mais tarde se tornou um traficante de drogas. Depois da morte do rapaz, o irmão dele, o bandido Jacson da Silva (Heitor Martinez), volta ao morro para dominar a boca de fumo que um dia lhe pertenceu e acima de tudo para conquistar o amor de Joana. Para piorar a situação do casal, Miguel terá de lidar com a personalidade da arrogante Erínia (Lavínia Vlasak), a designer de moda de quem é noivo.

No decorrer dos capítulos, Joana e Miguel serão acusados por crimes que não cometeram e terão de lutar muito para provar sua inocência. Para isso, contarão com a ajuda da humilde família da garota e com a coragem de uma jovem jornalista.

Como contraponto aos personagens ligados ao crime, Luciano Szafir interpretará Leonardo, um promotor de justiça que tentará a todo custo banir a corrupção da polícia. Vale lembrar que será na casa dele que o humor deve encontrar abertura em Vidas Opostas. É que Íris Bruzzi, recém saída de Belíssima, viverá Lisinha Rocha, mãe do promotor que adora um jogo do bicho.

Com 30 capítulos de frente, Vidas Opostas contará com uma trilha sonora composta apenas por músicas de Chico Buarque interpretadas por nomes que ainda não foram divulgados pela emissora.

Do mal – Entre os cerca de 50 atores envolvidos na trama, Heitor Martinez é o que mais chama a atenção. Intérprete do bandido Jacson, Martinez incorporou o figurino do personagem e afirma já ter recebido alguns olhares estranhos no trânsito. “O visual ajuda a quebrar um pouco a imagem do passado e diz muito do personagem antes mesmo dele abrir a boca”, contou. Pela primeira vez num papel tão denso quanto o de Jacson, Martinez comentou como é a experiência de encarnar um sujeito barra pesada. “A gente gravou muito no presídio em Bangu e é preciso estar bem equilibrado energeticamente para não se deixar abater. A cena em que eu mato um sujeito, eu tive de repetir 18 vezes. Eu já não agüentava mais”, concluiu. (A repórter viajou a convite da Record)



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