Setecidades Titulo Desesperador
Moradores da região detalham cenário inseguro na Itália

Portar autorização para sair às ruas é uma das determinações para circular no país europeu

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
29/03/2020 | 00:30
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“A situação é bem parecida de quarentena, mas ainda lá (Itália) os casos são bem mais altos. Por aqui, nos movemos à base de orações e conversas diárias”. O relato é da cirurgiã dentista Maria José Silva, 61 anos, moradora de São Caetano, que destaca a saudade da filha, a estudante de gastronomia Mariana Benedete, 31, que está na Itália há cerca de três anos. O país europeu, também afetado drasticamente pelo novo coronavírus, soma mais de 10 mil mortes e milhares de casos confirmados.

Maria José comenta que sua filha, atualmente casada e com três filhos, já tinha feito intercâmbio pela Europa e resolveu morar fora. “Mãe nunca se acostuma com filho longe, mas pela felicidade, nós aguentamos. Porém, nesta situação em que estamos, é muito diferente. Sei que ela está bem e em isolamento há 25 dias, mas tudo é dúvida diante a essa doença”, lamenta a dentista.

A mãe também ressalta que lá, além da quarentena, a população tem mais respeito em relação ao distanciamento entre as pessoas. “Primeiro que todos os serviços já estão no delivery e quando é preciso ir até a farmácia ou ao mercado, sempre entra um por vez e as pessoas que ficam ao lado de fora, já esperam afastados”, explica Maria José.

Já o assistente jurídico Felipe Croco de Medeiros, 23, morador de São Bernardo, chegou à Itália dia 11 de fevereiro em busca do processo de reconhecimento de sua cidadania italiana e, desde então, a volta que estava prevista para o dia 12 de março, terá de esperar. Os vôos foram cancelados e o estudante permanece em Rovigo, na região de Vêneto. “Não há pânico, não falta nada nos mercados, mas todas as pessoas estão usando máscaras e luvas quando saem de casa. O clima está pesado”, observa Medeiros. “Também precisamos andar com uma declaração do motivo da nossa saída de casa. Além disso, o governo está perdido, não se sabe se as medidas estão funcionando, ninguém diz se a quarentena vai ultrapassar a data prevista (3 de abril)”, acrescenta.

O brasileiro também ressalta que as despesas acabam ficando mais altas por causa das refeições, visto que a assessoria – que acompanha o processo de reconhecimento da cidadania – está garantindo a hospedagem até o fim do processo. “A companhia que eu vim cancelou todos os vôos com a Itália até 30 de abril. Tudo está incerto”, conta. Além disso, o assistente jurídico tem um irmão, que está na Espanha na mesma situação. “É uma mistura de vários sentimentos. Estamos com medo, sim, e procurando nos falar todos os dias”, destaca.
 




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