A única ligação da Faixa de Gaza com o resto do mundo foi bloqueada, nesta sexta-feira, por policiais em um protesto devido à morte de um de seus colegas em meio ao clima de desordem que reina nesta região. Enquanto isso, os serviços de segurança ainda não tinham notícias dos três britânicos seqüestrados.

Cerca de cem policiais protestaram de manhã no Tribunal do terminal de Rafah entre a Faixa de Gaza e o Egito, após terem conseguido ter acesso ao local pela entrada principal.

Eles protestavam contra a morte, na véspera, de um de seus colegas durante uma briga com uma família palestina na qual um dos membros acabava de ser preso como parte de uma campanha contra o tráfico de drogas e de carros roubados.

Um representante do terminal afirmou que se tratava de um "protesto pacífico" e que os empregados do terminal entraram no prédio por precaução.

Temendo maiores problemas, os serviços de segurança palestinos pediram aos observadores europeus presentes no terminal para que se retirassem momentaneamente para a base de Kerem Shalom, em Israel, a alguns quilômetros de Rafah.

O porta-voz dos observadores, Julio de la Guardia, afirmou que sua vida não esteve em perigo em momento algum.

A passagem no terminal foi reaberta pouco depois das 13h00 GMT (11h00 de Brasília), três horas após a saída dos policiais que participavam da manifestação, informou a administração.

De la Guardia afirmou que os observadores retornaram ao terminal para retomar suas atividades às 13h15 GMT (11h45 de Brasília), que excepcionalmente terminaram às 15h00 GMT (13h00 de Brasília). O terminal fecha normalmente às 14h00 GMT (12h00 de Brasília).

O terminal, única ligação da Faixa de Gaza com o exterior, foi reaberto no final de novembro, cerca de três meses após a retirada de Israel deste território palestino.

Sua reabertura foi fruto de um acordo entre israelenses e palestinos que previa principalmente a ida de observadores da União Européia para o terminal.

Ainda em Gaza, o chefe da polícia palestina afirmou nesta sexta-feira ainda não tinha informações sobre os raptores dos três britânicos seqüestrados na quarta-feira e que nenhum contato havia sido feito com eles.

"Até agora, não sabemos como ocorreu este rapto. Não há negociações com os seqüestradores porque eles não se manifestaram", disse o general Alaa Hosni durante uma entrevista coletiva à imprensa em Gaza.

Kate Burton, 24 anos, voluntária para ações humanitárias, foi seqüestrada na quarta-feira por homens armados com seus pais, na cidade de Rafah.

O general Hosni afirmou que os serviços de segurança haviam recebido "ordens estritas para que tomassem as medidas necessárias" com o objetivo de localizar os seqüestradores. "Nós seremos intransigentes", afirmou ao responder uma pergunta.

"Nós os libertaremos por todos os meios. Se for preciso, teremos que recorrer à força", disse.

Ao norte do território, a artilharia israelense retomou nesta sexta-feira os ataques na "zona proibida" que havia sido decretada na quarta-feira com o objetivo de impedir os tiros de foguetes palestinos, anunciou nesta sexta-feira um porta-voz militar.

O movimento radical palestino Jihad Islâmica reivindicou nesta sexta-feira a autoria do atentado suicida que na quinta-feira matou um soldado israelense e dois civis palestinos ao norte da Cisjordânia.

Ativistas do grupo reivindicaram o atentado em uma mensagem divulgada por meio de auto-falantes na cidade de Attil, próxima a Tulkarem, cidade natal do terrorista suicida.

Eles anunciaram que o atentado havia sido praticado por Suheib Ibrahim Ajami, 19 anos, membro das brigadas Al-Qods, braço armado da Jihad.

Dez palestinos suspeitos de pertencerem ao Jihad foram presos à noite pelo exército israelense na Cisjordânia, principalmente na região de Tulkarem, segundo fontes militares.